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Alegre com Maria de Belém “sem batota"

15 jan, 2016 - 23:25

Candidata presidencial recebeu o apoio do histórico socialista que deixou críticas à máquina do PS.

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O socialista Manuel Alegre recusou candidatos presidenciais "messiânicos" ou "salvadores", sublinhando que Maria de Belém Roseira é um "general que fez todos os escalões" e apelando ao apoio dos socialistas "sem batota".

"Ela é o único que tem uma filiação partidária, que é militante do Partido Socialista, mas ao mesmo tempo ela é verdadeiramente independente, a sua candidatura é uma candidatura autónoma e de cidadania, ao contrário de quem nos pretende dar lições de cidadania, que ataca quem é candidato e tem uma filiação partidária, mas está a fazer campanha apoiado por estruturas partidárias, nomeadamente estruturas partidária do Partido Socialista", acusou Manuel Alegre, num jantar da candidatura de Maria de Belém Roseira em Santo Tirso, no distrito do Porto.

Sublinhando que apoia a antiga presidente do PS "sem batota", Manuel Alegre recusou candidatos "messiânicos" ou "salvadores", defendendo que Portugal precisa de um chefe de Estado "que não crie ilusões" sobre o papel do Presidente da República e tenha uma interpretação correta da Constituição.

"Estou aqui sem batota, dando a minha cara e dizendo que apoio a Maria de Belém, o que não aceito é que se decida uma coisa e se faça o contrário, porque isso é uma falta de respeito pelo PS e por uma ex-presidente do PS. É tempo de chamar as coisas pelos seus nomes e não uso meias palavras", argumentou.

Numa intervenção em que teve como principal `alvo` Sampaio da Nóvoa e, em certa medida o próprio PS, Manuel Alegre começou por enunciar as razões que o levam a apoiar Maria de Belém Roseira, que disse ser uma mulher de carácter, com convicções, coerente.

"Ela não nasceu agora para a política, não apareceu agora de repente, ela tem uma vida de mais de 40 anos de militância por causas, por valores, não precisou de se disfarçar (...), ela é ela própria, é uma socialista", salientou.

Manuel Alegre, que há dez anos também de candidatou à Presidência da República sem o apoio do PS, para em 2011 repetir a candidatura já com o apoio dos socialistas, lembrou ainda os tempos de Ramalho Eanes, quando o partido apoiou um candidato independente, que "depois deixou arrastar-se para a crítica aos partidos, para a crítica aos políticos e acabou por formar um partido contra o PS".

"Eu já vi este filme uma vez e não queria ver outra vez. Os dirigentes do PS deviam aprender com os erros do passado e não deviam repetir os erros do passado", frisou, recuperando depois uma `polémica` dos primeiros dias de campanha para garantir que Maria de Belém é hoje "um general".

"Maria de Belém fez todos os escalões, também foi cadete na militância, também foi major até chegar a general, hoje é general, mas são 40 anos de vida, 40 anos de luta política, de militância. Não é um general de aviário, não apareceu agora, são 40 anos de militância e luta política", disse.

Numa intervenção várias vezes interrompida pelos aplausos, Manuel Alegre fez ainda referência à expressão "tempo novo", repetida várias vezes por Sampaio da Nóvoa, argumentando que os portugueses não precisam de "um novo que não se sabe o que é", porque para Maria de Belém "o tempo novo são os valores que ela defende".

Já no final do discurso, o `histórico` socialista apontou para Marcelo Rebelo de Sousa, recusando a comparação que tem sido feita com Cavaco Silva: "Marcelo será porventura um adversário mais difícil, mais difícil e em muitos aspectos até mais perigoso", disse.

Pois, acrescentou, apesar de agora até ser o candidato que mais apoia o Governo, "de repente passa a ser a direita da esquerda e depois até a direita da direita", não devendo existir "ilusões sobre eventuais coabitações com um Presidente da República saído da direita".

Maria de Belém contra a pobreza infantil e pelo direito ao trabalho

A candidata presidencial Maria de Belém Roseira disse que quer mobilizar a sociedade na luta contra a pobreza infantil e pelo direito ao trabalho, defendendo ainda a importância da contratação colectiva.

Num jantar com cerca de 350 apoiantes e simpatizantes, a antiga presidente do PS direccionou o seu discurso à causa do direito ao trabalho, referindo que este tem sido "enfraquecido em nome da produtividade", mas sem que o emprego tenha crescido.

O que cresceu, na sua opinião, foi a precariedade, transformada em recibos verdes ou em contratos a prazo, para além daquilo que é razoável e é admissível e com um grande abaixamento dos salários".

"Temos uma coisa em Portugal, que é algo que passou a acontecer nos países submetidos a programas de ajustamento, que é uma nova realidade, que é a realidade dos trabalhadores pobres. As pessoas trabalham, têm ocupação mas não ganham o suficiente para viver a vida com dignidade", referiu.

Por isso mesmo, frisou, "é que é preciso mobilizar a sociedade". "Sabemos que devemos flexibilizar as condições de trabalho para facilitar a vida de todos, para ajudar as empresas a aumentarem os seus níveis de produtividade, mas a flexibilização das condições de trabalho não tem nada a ver com o enfraquecimento do direito laboral, do vínculo laboral, nem tem nada a ver com o perder-se a noção que, numa relação de trabalho, há um que pode mais e há outro que pode menos e é dever do Estado corrigir essa assimetria para que haja justiça", salientou.

Por isso, defendeu, "é importante a contratação colectiva, porque permite que o trabalhador mais frágil seja representado por outrem que não está dependente do poder maior de um sobre o outro".

"É é por isso também que eu como Presidente da República, se for eleita, serei essa representante, porque é absolutamente indispensável que as pessoas mais frágeis e as pessoas que não têm voz tenham alguém que saiba ouvi-las, escutá-las e que saiba ser a sua patrona junto de quem pode resolver os problemas", frisou.

Maria de Belém Roseira mostrou-se ainda preocupada com a pobreza infantil porque, neste momento, "as crianças são o grupo etário em maior risco de pobreza" em Portugal, tendo "ultrapassado o dos idosos". "E isto é dramático", frisou.

A candidata não governa nem tem políticas públicas, mas, em contrapartida, disse que "tem capacidade de mobilização para lutar contra este flagelo".

Maria de Belém voltou a lembrar que, desde o início, apresentou como programa eleitoral a Constituição da República Portuguesa, referindo que foi, depois, seguida por outros candidatos que "não foi por aí que começaram". "E em política também há direitos de autor", frisou.

Comentários
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  • Dr.Adolfo
    16 jan, 2016 Portugal com sonhos cor de rosa 11:51
    Drª Maria de Belém Com amigos destes não precisa de inimigos, pelo historial deste mamífero, não é aconselhável a aproximação de gente desta, colam-se a tudo o que lhe pode dar uma mais valia e nada deixam de útil
  • rosinda
    16 jan, 2016 palmela 01:04
    acordas-te um bocadinho tarde!

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