15 jan, 2016 - 19:46
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A candidata presidencial apoiada pelo Bloco de Esquerda espera que Bruxelas não faça "opções ideológicas" ou tenha "dois pesos e duas medidas" ao incluir o Banif no défice de 2015, ao contrário do que aconteceu com o BES.
O ministro das Finanças admitiu quinta-feira, em Bruxelas, que a intervenção no Banif "dificulta" a saída de Portugal do Procedimento de Défice Excessivo em 2015, tendo hoje o Conselho das Finanças Públicas afirmado que Portugal pode ter até 2016 para corrigir défice mas não pode recorrer a flexibilidade.
Hoje, à margem de uma acção de campanha em Ílhavo, Marisa Matias foi questionada sobre este tema pelos jornalistas e foi peremptória: "Espero sinceramente que Bruxelas não tenha uma lógica de dois pesos e duas medidas".
"O défice, em outros períodos, em outras alturas, foi calculado a partir das instituições de Bruxelas tendo em conta um conjunto de critérios. Se olharmos para o que se passou com o BES verificamos que houve critérios que foram tidos em conta. Se olharmos para o que se está a passar com o Banif já vemos que há uma tentativa de alteração das regras", denunciou.
A candidata apoiada pelo BE espera por isso que "Bruxelas não faça opções ideológicas porque elas interferem todos os dias" com a vida dos portugueses, defendendo que as instituições europeias não podem "mudar as regras consoante o Governo que está em funções é mais ou menos simpático para aquilo que ditam as regras da austeridade".
"Eu espero que as regras sejam as mesmas e que não seja usado isto como uma absoluta desculpa apenas para continuar com a política de austeridade em Portugal", vincou.
Marisa Matias está assim a "avaliar aquilo que tem sido o comportamento de Bruxelas e de Berlim". "E se se verificar, por exemplo, o que se passou no caso do Banif e da resolução e o que está a acontecer na avaliação e nas discussões que se têm em termos do défice, vê-se que tivemos Bruxelas e Berlim muito confortáveis com oito pedidos de resolução que não foram resolvidos relativamente ao Banif e que deixaram que se arrastasse o problema da responsabilidade do Governo anterior até este Governo e vemos agora critérios diferenciados", recordou.
Na opinião da eurodeputada bloquista, "está a haver um tratamento muito diferenciado e muito desigual", e apesar de haver há tão pouco tempo "um novo Governo em funções, já há casos suficientes para mostrar esses dois pesos e essas duas medidas".
"A escolha dos portugueses foi acabar com a austeridade e votar em todas as alternativas que existiam em relação a um Governo que trouxe o ciclo de empobrecimento. Bruxelas tem que aprender de uma vez por todas que o que vale é a vontade democrática de quem vive neste país", apelou.