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Há uma fórmula para bater Marcelo? Há, mas não há tempo

18 jan, 2016 - 13:47 • Raul Santos

Especialista em marketing diz que não é fácil tirar valor à marca "professor Marcelo". Mas há uma estratégia possível: "Criar alguma desconfiança” para com o favorito.

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Como bater Marcelo Rebelo de Sousa, o mais popular dos candidatos, vitorioso em todas as sondagens? O marketing tem uma receita para um candidato presidencial poder bater o candidato favorito, só que “é uma receita simples de enunciar e difícil de pôr em prática”, diz o especialista Ricardo Mena.

O director do mestrado em Gestão de Marketing do Instituto Português de Administração e Marketing (IPAM) explica à Renascença que a estratégia correcta passa “por criar alguma desconfiança” para com o favorito. “E tentar, como o marketing nos diz, diferenciar, isto é, criar alguma coisa, uma ideia-chave da minha parte que seja diferente da dos outros e que seja contra o favorito”.

A dificuldade na aplicação desta estratégia decorre do facto de, nestas eleições, haver “um candidato preferencial que tem um território marcado, de grande notoriedade, criado ao longo de anos”, sendo “difícil a um opositor criar, em pouco tempo, uma notoriedade” similar.

“A notoriedade de uma pessoa ou de uma marca conquista-se essencialmente com tempo. Com consistência, com coerência e com tempo. E ele [Marcelo] tem tudo isso”, sublinha Ricardo Mena.

“O mais difícil em marketing é tirar ao mercado a ideia recebida, uma ideia emocional e mental que ele recebeu. Isso demora tempo, demora anos. Neste caso, há uma preferência clara porque há uma marca construída ao longo de anos, que, inclusivamente, tem até um nome de marca, que é ‘professor Marcelo’”, explica o director de mestrado do IPAM.

Para gerar a desconfiança do mercado – os eleitores – face à marca maioritariamente preferida, há que procurar “algo que possa machucar o espaço territorial da marca que Marcelo criou”, diz o especialista.

“Tratando-se de questões políticas, importa encontrar algo, algum episódio ou factor menos positivo para tentar colocar em dúvida a opinião massificada sobre o candidato”, indica, sublinhando que “as duas estratégias têm de ser muito incisivas”.

Duas marcas: o "professor" e os outros

Na análise de Ricardo Mena, a campanha tem evidenciado uma luta entre duas marcas porque “há um candidato de um lado, que é o professor Marcelo, e todos os outros candidatos do outro”.

“É uma campanha quase unilateral, com todos a combater o mesmo”, reforça.

Os opositores de Marcelo Rebelo de Sousa “sabem que para entrar no território mental das pessoas têm de combater o grande candidato e todos estão a fazer isso. Entre eles, haverá diferentes mensagens, mas há, acima de tudo, uma mensagem comum, contra um candidato superior”, nota o especialista, rematando: “Todos sabem que para passarem a uma segunda volta, que será a grande vitória que um deles poderá ter, é unirem-se contra esse território de marca chamado Marcelo.”

Pouco marketing

Ricardo Mena, que sublinha não ter preferências nestas eleições, diz que esta campanha está a ter alguma dinâmica, mas pouco marketing.

“Há muitos candidatos, muito diferentes, o que torna a campanha mais dinâmica. Se temos Marcelo Rebelo de Sousa e Sampaio da Nóvoa, também temos o Tino de Rans. São dois limites da nossa própria população, é um conjunto de pessoas que não deixa de ser um espelho de toda a população”, nota.

Para Ricardo Mena, este facto “não deixa de aproximar a Presidência da República das pessoas e, assim, a campanha, em matéria de ideias e de marketing, está a ser muito simples”.

“Ninguém quer ostentar dinheiro, por força da crise, ninguém que ser visto como um esbanjador de dinheiro e de dinheiro público”.

Comentários
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  • fr
    19 jan, 2016 Portugal 23:24
    Okay, acabei de ver o debate presidencial na rtp1. É assim: Os primeiros 3 minutos foi tudo lindo, a falar da vida e o que cada um acha importante. Depois a pessegada começou, os véus baixaram e os interesses subliminarmente tomaram conta. O Médico mandou vir com a licenciatura do Nóvoa, o Marcelo só precisa de estar presente com o seu ar que agrada por si só, a Marisa mandou vir com quem acho o seu maior aliado ideológico (Paulo Morais) não sei para quê, o Vitorino Silva fez nos rir, os outros já me esqueci, o de óculos redondos e o outro disseram coisas bonitas mas facto é uma coisa: O único com coragem e que rema contra a corrente é Paulo Morais, com os outros não vai mudar nada, lamento. A escolha é dos portugueses. Emoções àparte, o que é difícil, eu sei. É Paulo Morais mesmo. Marisa é corajosa e acredito que tenho feito muito, mas com tantos para criticar não compreendo o porquê de tão incisiva com alguém com ideias anti corrupção tão bem defenidas e provas tão concretas que nem Paulo Morais. Não compreendo mesmo. É engraçado como as emoções dos outros se sobrepõem aos interlocutores e Paulo Morais não ficou com a melhor por ser respeitoso. Também não se pôde defender do facto de ter a candidatura mais barata a par com o moço que me fez rir. Bem, acho que a emoção vai ganhar, infelizmente, e a decisão racional fica no penico. Ainda vai para lá Marcelo ou Nóvoa e acho isso uma falta de coragem do eleitorado e até de consideração com o "corpo ao manifesto" de Paulo Morai
  • jams
    19 jan, 2016 lisboa 18:10
    Esta fotografia faz-me lembrar as fotos de Salazar com o movimento feminino da altura
  • Eborense
    19 jan, 2016 Évora 17:21
    O Marcelo é imbatível e vai demostrar isso no Domingo, para mal da xuxalhada e comunada.
  • José Saraiva
    19 jan, 2016 Viseu 16:15
    eu não sou "especialista" e sei de uma fórmula EFICAZ...a candidatura da TERESA GUILHERME com o apoio claro da TVI...NÃO FALHA!
  • José Soares de Pinho
    19 jan, 2016 Gafanha da Nazaré 14:02
    A isto não se chama política mas sim porcaria. Que inteligências tem este pobre país!!!!

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