24 jan, 2016 - 20:00
Aluno universitário de 19 valores, professor catedrático, comentador, político. Marcelo Rebelo de Sousa pode adicionar um cargo ao já longo currículo: Presidente da República.
Com 66 anos, dois filhos e cinco netos, Marcelo Rebelo de Sousa nasceu em Lisboa a 12 de Dezembro de 1948, filho de um médico e de uma assistente social. Foi em Celorico de Basto, distrito de Braga, onde está recenseado, que anunciou a sua candidatura à Presidência da República.
A primeira escola que frequentou foi o Lar da Criança, em Lisboa, para onde entrou com apenas ano e meio e teve como colega o cirurgião Alfredo Barroso. Dali, Marcelo saiu para o Liceu Pedro Nunes, onde foi o melhor aluno. Já na Faculdade de Direito de Lisboa continuou o percurso de aluno brilhante, terminando o curso com 19 valores.
Mas, ao contrário de muitos outros, não foi na faculdade que teve o primeiro contacto com a política. Marcelo Rebelo de Sousa nasceu e cresceu no meio dela e conviveu desde cedo com a família do então primeiro-ministro do Estado Novo, Marcello Caetano, devido ao envolvimento político do pai, Baltazar Rebelo de Sousa, que chegou a ser ministro das Corporações e do Ultramar.
O seu percurso no PSD também começou cedo. Militante desde 1974, ficou responsável pela implementação do então PPD no sul do país. Vinte anos depois, em 1996, no pós-cavaquismo, chegou à liderança do partido, cargo que ocupou durante três anos, saindo depois do fracasso da tentativa de reeditar a Aliança Democrática, com Paulo Portas no CDS-PP.
A sua ascensão à presidência do PSD ficou para sempre marcada por uma frase que até hoje o persegue. Pouco tempo antes do congresso de Santa Maria da Feira, quando questionado se algum dia seria candidato à liderança do partido, o ‘professor' foi peremptório: "Nem que Cristo desça à terra".
O mergulho no rio, o “Expresso” e a universidade
Antes, em 1989, o agora candidato presidencial disputou as suas primeiras eleições como número um da lista do PSD e do CDS-PP à Câmara de Lisboa.
É nessa campanha eleitoral que protagonizou um episódio até hoje recordado. Confrontado com alguma falta de notoriedade, Marcelo decide fazer alguma coisa de diferente e mergulha no Tejo em frente às câmaras de televisão para mostrar como o rio estava poluído. O gesto deu que falar, mas nem por isso lhe valeu a vitória.
Mas, além da liderança do partido e da experiência autárquica, não só em Lisboa, como em Cascais e Celorico de Basto, os corredores do poder são bem conhecidos de Marcelo. Foi deputado à Assembleia Constituinte, secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros do VIII Governo Constitucional, vice-presidente do Partido Popular Europeu entre 1997 e 1999 e membro do Conselho de Estado há quase dez anos.
Profissionalmente, além da longa carreira como professor catedrático, não só na Faculdade de Direito de Lisboa, mas também na Universidade Católica, Marcelo Rebelo de Sousa passou também pelo “Expresso”, nos tempos iniciais do semanário fundado pelo militante número um do PSD, Francisco Pinto Balsemão.
Nos últimos anos destacou-se com os seus comentários televisivos, primeiro na RTP, depois na TVI.
A campanha das eleições presidenciais ficou marcada pela ausência de uma grande estrutura e por um magro orçamento. Marcelo previu gastar 157 mil euros, bem menos do que os 750 mil euros de Edgar Silva e os 742 mil de Sampaio da Nóvoa, os dois candidatos mais gastadores.