O Cardeal Patriarca de Lisboa lembrou que é responsabilidade de cada cristão olhar e cuidar dos que mais precisam, recordando que sem isso não haverá Páscoa.
Durante a missa crismal a que presidiu, na Sé de Lisboa, D. Manuel Clemente citou várias vezes a Exortação Apostólica do Papa Francisco ‘Evangelii Gaudium’, para lembrar que a caridade não se pode apenas apregoar, tem de ser efectivamente praticada, e é uma obrigação das comunidades cristãs
“Não nos basta falar mais alto, para que o convite chegue mais longe, cumpre-nos aprofundar a escuta, para que nenhum apelo fique sem resposta. Animados pelos pastores, os cristãos são chamados, em todo o lugar e circunstância, a ouvir o clamor dos pobres. Levemos daqui o programa para cumprir com empenho. O Espírito nos manterá atentos, assim o evoquemos sempre, para continuarmos a aventura evangélica no mundo, única razão de ser da igreja, certos de que a atenção aos pobres é a qualificação mais autêntica de qualquer comunidade cristã”.
D. Manuel Clemente disse ainda que se uma comunidade não cooperar, de forma eficaz, para que os pobres vivam com dignidade, correrá também o risco da sua própria dissolução. “Facilmente acabará submersa pelo mundanismo espiritual, dissimulando em práticas religiosas, reuniões infecundas ou discursos vazios”.
O Cardeal Patriarca lembrou também a mensagem do Papa para a Quaresma, em que convidou os cristãos a contrariarem o “mar da indiferença”.
“Não pensemos que qualquer melhoria sólida se conseguirá, seja onde for, sem termos realmente um outro olhar para as pessoas e para as coisas, mais aberto, solidário e estimulante. Cada pessoa real e concreta constitui o primeiríssimo valor a salvaguardar e promover, seja em que circunstância. E as comunidades cristãs não podem dispensar-se de dar o exemplo na atenção que dêem aos que já integram ou ainda procuram”.