Os arménios assinalam esta sexta-feira os 100 anos do começo daquele que consideram ter sido um genocídio contra o seu povo, levado a cabo por militares do Império Otomano.
Na quinta-feira a Igreja Apostólica Arménia assinalou a data com uma celebração na qual canonizou todas as vítimas, considerando-as mártires, naquela que foi a maior canonização da história do cristianismo. Estima-se que foram mortos 1,5 milhões de pessoas.
Durante a cerimónia, que durou cerca de duas horas e decorreu no exterior da principal catedral de Yeravan, capital da Arménia, o líder da igreja, Karekin II, afirmou que esta canonização permite dar novas graças à vida daquela Igreja.
"Durante os duros anos do genocídio dos arménios, milhões das nossas pessoas foram desenraizadas e massacradas de forma premeditada, passaram pelo fogo e pela espada e provaram os frutos amargos da tortura e da tristeza. A canonização dos mártires do genocídio traz um novo fôlego vivificante, graça e bênçãos para a nossa vida nacional e eclesial", diz.
A Arménia orgulha-se de ter sido o primeiro a adoptar o cristianismo como religião oficial de Estado, no século IV, e esse é um factor importante na identidade arménia. Estima-se que existem cerca de oito milhões de arménios, com a maioria a viver fora do país. Existem importantes diásporas arménias em vários países do Médio Oriente, e ainda em países ocidentais, como no Reino Unido e Estados Unidos, por exemplo.
A maior parte dos arménios são fiéis da Igreja Apostólica, que não é católica mas está em comunhão com as igrejas Copta, do Egipto, e a Etíope, entre outras. Contudo, existe também uma Igreja Arménia Católica, em comunhão com Roma.
Assírios recordam a "Espada"
Mas não foram só os arménios a viver no Império Otomano que sofreram massacres e perseguições. Os assírios também recordam a morte de entre 150 mil e 300 mil dos seus antepassados na mesma altura.
Os assírios são uma etnia indígena da região que abarca actualmente partes da Síria, do Iraque e da Turquia e que em parte coincide com o território conhecido como Curdistão. Foi precisamente a perseguição de que foram alvos em território turco que levou muitos a refugiar-se em zonas mais seguras, como a planície de Nínive, no Iraque, onde actualmente são perseguidos pelos militantes do autodenominado Estado Islâmico, numa repetição da história de há 100 anos.
Para os assírios, conhecidos também como caldeus e siríacos, este genocídio ficou conhecido como "Seyfo", uma palavra assíria que significa "espada", porque foi com esse instrumento que muitas das vítimas foram mortas.
Esta sexta-feira milhares de assírios em todo o mundo, incluindo nas comunidades na diáspora ocidental, como a Suécia, a Alemanha, o Reino Unido e os Estados Unidos, juntam-se para assinalar a data, tal como fazem os arménios.