A Santa Sé acolheu esta terça-feira representantes de várias das principais cidades do mundo, numa cimeira que tinha por objectivo pressionar as Nações Unidas para se alcançar um acordo para travar o aquecimento global, no encontro que terá lugar em Novembro deste ano, em Paris.
O Papa Francisco dirigiu-se aos presentes, dizendo que os governos, incluindo o da Santa Sé, têm um papel limitado no que diz respeito ao trabalho efectivo para levar a cabo mudanças a este nível.
“Porque é que a Academia Pontifícia das Ciências convidou presidentes de câmara e administradores locais? Porque mesmo que esta consciência [dos problemas ecológicos] se espalha do centro para a periferia, o trabalho mais sério e profundo é feito da periferia para o centro.”
“A Santa Sé, ou este ou aquele país, podem fazer discursos bonitos nas Nações Unidas, mas se o verdadeiro trabalho não vier da periferia para o centro, não terá qualquer efeito. É aí que se encontra a responsabilidade de autarcas e de governos locais urbanos. Agradeço muito terem vindo, na qualidade de periferias”, disse Francisco no seu discurso.
O Papa Francisco considera ainda que a cimeira de Novembro é crucial uma vez que pode representar uma última chance de “negociar um modelo que mantenha o aquecimento induzido pelo homem abaixo de dois graus centígrados”.
Segundo o documento, que os presentes assinaram e que vai ser apresentado à ONU, as alterações climáticas induzidas pelo homem são “uma realidade científica, e o seu controlo efectivo é um imperativo moral para a humanidade”.
Durante esta cimeira, o Papa falou também da importância de se combater mais efectivamente o tráfico humano, que tem entre as suas causas o aquecimento global e a consequente migração forçada.
“Tenho grandes esperanças de que um acordo fundamental será alcançado na cimeira de Paris em Novembro. Tenho grandes esperanças, mas sem dúvida as Nações Unidas têm de tomar uma posição forte em relação a este fenómeno, sobretudo em relação ao tráfico de seres humanos causado pelo fenómeno ambiental”, disse Francisco.
Este encontro surge poucas semanas depois de Francisco ter lançado a primeira encíclica de um Papa dedicado unicamente a questões ecológicas. O tema foi também abordado várias vezes durante a sua visita à América Latina, neste mês de Julho.