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“Francisco reconhece dificuldades, mas acolhimento dos refugiados é fundamental”

14 set, 2015 - 19:36

Os comentadores convidados a debater a entrevista do Papa Francisco à Renascença realçaram as suas palavras sobre a crise dos refugiados.

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“Francisco reconhece dificuldades, mas acolhimento dos refugiados é fundamental”

O Papa Francisco falou longamente sobre a crise dos refugiados e sobre como a Europa os deve acolher na entrevista que concedeu em exclusivo à Renascença.

No debate que se realizou esta segunda-feira no estúdio da Renascença, sobre esta entrevista, Rui Marques, que é precisamente o responsável pela Plataforma de Apoio aos Refugiados, sublinhou o realismo de Francisco nesta questão.

“Na questão dos refugiados, é muito firme nos princípios, e gostava de começar por aí. O Papa reconhece em vários momentos as dificuldades e a complexidade do momento actual, mas começa por dizer que há um princípio fundamental, o do acolhimento.”

“Não se trata só de uma questão de tolerância”, diz Rui Marques, “é uma questão de acolhimento. Depois vai buscar dos exemplos mais estruturantes e profundos que pode trazer, tanto do novo como do antigo testamento, dizendo da obrigação dos católicos e dos cristãos em geral, quanto à missão do acolhimento”.

“O Papa Francisco é uma voz fundamental no nosso tempo, reflectido também nesta entrevista, em torno da afirmação deste momento que nos define enquanto civilização. Creio que o tempo que vivemos no contexto europeu é um momento crítico, de enorme crise, de enorme dificuldade, mas também de uma oportunidade extraordinária de nos reencontrarmos connosco próprios”, diz ainda Rui Marques.

Na sua entrevista Francisco fala abertamente do risco de virem infiltrados extremistas entre os refugiados e reconhece que esse perigo pode mesmo afectar o Vaticano, que vai acolher duas famílias. Mesmo assim, diz, deve-se acolher quem pede ajuda.

“Uma das coisas muito bonitas na entrevista, em dois momentos distintos, é o Papa a dizer claramente que há riscos, há riscos de segurança, há riscos de as coisas não correrem bem, há riscos. Mas a coragem que se pede, a coragem serena do nosso tempo é saber prevenir os riscos, limitá-los, e não abdicar daquilo que é fundamental, os princípios, em nome de algum risco que possa existir”, conclui o líder da Plataforma.

“Que Europa queremos ser?”

Também João César das Neves aborda o tema dos refugiados na sua análise à entrevista do Papa, recordando que a proposta de Francisco de que cada paróquia, convento e instituto religioso acolha uma família, só por si faria uma grande diferença. “Esta solução que ele propôs de cada paróquia, cada mosteiro, cada convento acolher uma família, pelas contas que eu fiz, assim por alto, deve chegar e sobrar e temos mesmo falta de refugiados, é a solução imediata.”

Rui Marques remata a sua intervenção sobre este assunto com uma pergunta deixada em aberto. “O desafio que se nos coloca é, perante um Estado Islâmico que mata e que é uma expressão do mal do mundo, que Europa queremos ser. Se uma Europa que salva, ou a Europa que deixa morrer?”

“Até agora temos sido em grande medida uma Europa que, com todas as desculpas que podemos dar, deixa morrer. Agora o desafio é ser a Europa que salva”, conclui.

Neste debate moderado por José Pedro Frazão participaram ainda Aura Miguel e Guilherme d’Oliveira Martins. A entrevista do Papa Francisco à Renascença pode ser lida na íntegra aqui.

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