25 set, 2015 - 11:29 • Sérgio Costa
Um Papa “vibrante na defesa de um mapa estratégico para o futuro da humanidade”. É deste modo que Viriato Soromenho Marques aguarda a intervenção do Papa Francisco, esta sexta-feira, nas Nações Unidas, a quarta de um Papa na sede da ONU.
A expectativa do professor universitário é elevada porque detecta em Francisco uma capacidade de influenciar decisões à escala global. Soromenho Marques lembra que o Papa tem defendido “uma nova relação da humanidade com a economia, uma relação diferente com a natureza”, num quadro da ideia de justiça, compaixão e cooperação, “ao contrário do que se verifica actualmente”, no mundo.
Soromenho Marques, que é membro do Conselho Nacional do Ambiente e do Desenvolvimento Sustentável, aponta, ainda, a encíclica “Laudato Si”, que considera “um documento extraordinariamente bem fundamentado e que preenche uma lacuna no pensamento doutrinário da Igreja católica”.
Nestas declarações à Renascença, Soromenho Marques aborda também, de um modo alargado, a importância desta visita de Francisco aos EUA, lembrando que no segundo mandato, o presidente norte-americano tem mostrado interesse em acentuar a responsabilidade de Washington no combate às alterações climáticas.
O especialista identifica, assim, uma “interessante e importante convergência entre o pensamento do Papa e a acção do presidente Barack Obama e a agenda internacional” e recorda que, para Dezembro, está marcada a conferência que tem como missão alcançar um novo protocolo para combater a alterações climáticas, um fenómeno que “continua num processo ameaçador, com episódios extremos”. Neste quadro, o especialista deposita esperança que este debate produza ainda efeitos assinaláveis, sublinhando ser “positivo que o Papa se tenha colocado à frente deste processo”.
Identificando Francisco como uma das grandes figuras morais do nosso tempo, Viriato Soromenho Marques analisa a eficácia da mensagem do Santo Padre que “expressa um sentimento de urgência que grande parte da humanidade ainda não tem e que corresponde á atitude que enquanto comunidade devemos tomar”.
O professor universitário justifica a eficácia das palavras de Francisco com o que diz ser “o calor a autenticidade” na forma como algo é comunicado. Esta partilha de ideias com o mundo da ciência. Esta é, conclui, a chave do que diz ser “os ganhos de simpatia e respeito muito para lá das fronteiras da Igreja Católica".