28 set, 2015 - 10:58
O Papa Francisco esclareceu esta segunda-feira o significado do último documento aprovado sobre o divórcio e que torna mais fáceis e céleres os processos de nulidade dos casamentos na Igreja Católica.
“Os que pensam no divórcio católico enganam-se, porque este último documento, fechou a porta ao divórcio. Facilita os prazos dos processos, mas não é divórcio, porque o casamento é indissolúvel quando é um sacramento, e isto a Igreja não o pode mudar. É doutrina, é um sacramento indissolúvel”, afirmou aos jornalistas, a bordo do avião que o levou dos Estados Unidos ao Vaticano.
“Na reforma dos processos de nulidade matrimonial, fechei a porta à via administrativa, através da qual podia entrar o divórcio. O divórcio católico não existe, a nulidade é reconhecida se não houve matrimónio, mas, se houve, é indissolúvel”, sublinhou.
As últimas alterações feitas ao Código de Direito Canónico, no início deste mês, eliminaram a necessidade de uma sentença em segunda instância, passando os processos de nulidade a ser tratados essencialmente ao nível local, na diocese do casal, de modo a que possam terminar mais depressa.
Isto aplica-se, sobretudo, a casos em que as provas parecem ser particularmente evidentes e onde ambas as partes estão de acordo quanto à nulidade do seu casamento.
Até agora, a sentença do processo na diocese local precisava de ser confirmada por outro tribunal e, caso as duas primeiras sentenças fossem diferentes, o processo seguia então para um tribunal de recurso no Vaticano.
As alterações anunciadas entram em vigor no dia 8 de Dezembro, coincidindo com o começo do Jubileu da Misericórdia.
“Não julgo os que não podem perdoar”
Durante a conversa com os jornalistas a bordo do avião, Francisco falou também do perdão.
“Uma vez, uma mulher disse-me: ‘Quando a minha mãe soube que me tinham abusado, blasfemou contra Deus, perdeu a fé e morreu ateia’. Eu compreendo essa mulher, porque o que foi violado e destroçado foi a sua própria carne, a da sua própria filha. Compreendo-a. Não julgo os que não podem perdoar”, relatou.
“Compreendo-os, rezo por eles e não os julgo. Rezo e peço a Deus – porque Deus é campeão em arranjar caminhos de solução – peço a Deus que trate dela”, concluiu.
“Todos os muros caem”
O Papa falou também sobre os muros que se erguem hoje na Europa. "Sabemos como acabam os muros. Todos os muros caem. Hoje, amanhã, daqui a 100 anos... mas cairão. Não é uma solução. O muro não é uma solução.”
Reconhecendo que o “velho continente” passa por momentos complicados, com a entrada de tantos refugiados, Francisco voltou a apelar ao diálogo para que possam construir “pontes” – essas, sim, duram para “sempre”.
“Temos de ser inteligentes, porque chega esta grande onda migratória e não é fácil encontrar soluções. Mas só e sempre através do diálogo é que os países da Europa se devem entender.”
Francisco regressou esta segunda-feira ao Vaticano, depois de uma semana de viagem por Cuba e pelos Estados Unidos. O Papa partiu de Filadélfia, onde participou no encontro com as famílias. O balanço da visita é, segundo o Vaticano, muito positivo.