15 out, 2015 - 13:53 • Aura Miguel , em Roma, e Filipe d'Avillez
Completados 11 dias de trabalho, o sínodo para a família entrou agora na sua fase mais polémica, com os bispos a discutirem questões como o acesso aos sacramentos por parte de pessoas em uniões irregulares e o acolhimento a homossexuais.
O "briefing" diário do sínodo, feito esta quinta-feira às 12h00, revelou a variedade de opiniões a este respeito, com os diferentes porta-vozes – para diferentes línguas – a dizer que a questão do “divorciados recasados” em particular motivou muitas intervenções dos padres sinodais.
A actual prática da Igreja é que pessoas em uniões irregulares não devem comungar, mas há quem pretenda alterá-la, invocando um conceito de misericórdia pelos que se encontram em situações complicadas e irreversíveis, mas que têm um desejo sincero de se aproximar de Deus.
Mesmo dentro destes dois campos há variedade. Alguns querem que o sínodo tome uma decisão universal, para apresentar ao Papa, mas outros preferem que sejam as diferentes conferências episcopais a decidir consoante as suas realidades. Da parte dos que preferem manter a prática como está, existe contudo o consenso de que é preciso acompanhar estes casais e integrá-los da melhor forma na Igreja.
Nos resumos das intervenções, feitos pelos porta-vozes, incluem-se vários pontos interessantes e reveladores da seriedade com que os bispos estão a abordar esta questão. Alguns bispos terão recordado que muitos dos actuais seminaristas são filhos de casais em uniões irregulares ou de pais que entretanto se divorciaram e isso requer, terá dito um bispo, um acompanhamento e uma formação especial.
Em todo o caso, segundo o bispo mexicano Carlos Aguiar, o sínodo não tem pretensões de tomar decisões finais, mas apenas de transmitir as diferentes posições e sensibilidades ao Papa para que ele decida.
“Obrigado por nos ensinar a sorrir”
Apesar de ter dominado as atenções, o assunto dos divorciados recasados não foi o único falado.
Entre as diferentes intervenções, destaca-se a de um bispo que insistiu na importância do sorriso para quem acompanha situações difíceis. O bispo agradeceu publicamente ao Papa Francisco por “nos ter ensinado a sorrir”.
Durante o sínodo, vários bispos têm criticado o facto de o "instrumentum laboris", o documento orientador dos trabalhos, ter um enfoque exageradamente ocidental, não dando atenção suficiente a questões que afectam as famílias em África, Ásia ou no Médio Oriente.
Mas estes temas foram também recordados, com alguns bispos a recordar a dificuldade que apresentam os casamentos mistos, nomeadamente entre cristãos e muçulmanos, e como isso afecta a estabilidade familiar nos seus países.