23 out, 2015 - 18:22 • Aura Miguel , em Roma e Filipe d’Avillez
Os bispos reunidos em Roma para o sínodo sobre a família fizeram mais de meia centena de intervenções, propondo melhorias para o documento final, que está agora a ser elaborado.
Uma primeira versão desse documento foi distribuído aos bispos na quarta-feira ao fim do dia e esta quinta-feira houve um encontro plenário para analisar o documento e fazer as devidas críticas e sugestões, como explicou o director da sala de imprensa da Santa Sé, Federico Lombardi.
“As intervenções desta manhã foram 51, naturalmente, com o objectivo de propor ulteriores observações ou melhoramentos. E foram abordados muitos assuntos: desde as referências bíblicas utilizadas, aos emigrantes, à formação dos agentes de pastoral, à espiritualidade familiar, ao acompanhamento, à educação, à espiritualidade do sofrimento e da cruz na experiência das famílias.”
“Um assunto que mereceu várias intervenções, é mais profundo e tem a ver com a relação entre consciência e lei moral – tema cujo conteúdo é importante e sobre o qual as formulações são mais complexas”, disse ainda o padre Lombardi.
A comissão redactora do documento final teve esta sexta-feira toda a trabalhar para apresentar no sábado uma versão final que será votada, parágrafo a parágrafo, pelos bispos.
Esta sexta-feira esteve presente no briefing da sala de imprensa o cardeal Gerald Lacroix, arcebispo do Québec, que avisou que quem espera do documento “soluções milagrosas” deve esperar sentado.
“Se estamos à espera de soluções milagrosas, de receitas instantâneas para resolver todos os problemas referentes à família, vamos ficar decepcionados. Mas se optarmos por atitudes de boa-fé e espírito positivo, penso que estaremos em condições de ajudar o povo de Deus a avançarmos juntos, connosco a seu lado. É esta a minha esperança e é o que me dá alegria para continuar neste caminho”, afirmou.
Também o Cardeal Peter Turkson, do Gana, sublinhou a importância da convergência de opiniões e do respeito gerado no sínodo. “Aprendemos a respeitar o ponto de vista de outra pessoa. Esse pode não ser o meu ponto de vista, mas quando se aceita que essa é a experiência do meu irmão bispo na sua situação – pode não ser o que se passa no Gana, mas sim no Quebeque – preciso de reconhecer que o sínodo deve fornecer soluções não só para mim, mas também para o meu irmão”, considera.
O sínodo sobre a família começou no dia 4 de Outubro e termina oficialmente no domingo. Os padres sinodais apresentarão ao Papa Francisco o documento final, cabendo a este a decisão de escrever uma exortação apostólica, definitiva, sobre o assunto.