24 out, 2015 - 19:29 • Aura Miguel
Foi aprovado, por maioria qualificada, o documento final [em italiano] do sínodo dos bispos sobre a família.
No entanto, as questões mais complexas relacionadas com uniões livres, casamento civil e divorciados recasados tiveram maior número de votos contra.
O parágrafo mais criticado (nº85), com 80 votos contra, relativo aos católicos divorciados com um segundo casamento civil, propõe um “caminho de discernimento”, acompanhado caso a caso, “segundo o ensinamento da Igreja e sob as orientações do bispo”.
O referido percurso de conversão remete para um conjunto de critérios indicados na Exortação Apostólica de João Paulo II Familiaris Consortio (n.84) e também para um “exame de consciência” das pessoas em causa sobre a forma como trataram os seus filhos ou como viveram a “crise conjugal”. O documento questiona se houve “tentativas de reconciliação”, qual a situação do “cônjuge abandonado” e quais as consequências da nova relação “sobre o resto da família e a comunidade dos fiéis”. “Uma reflexão sincera pode reforçar a misericórdia de Deus, que não é negada a ninguém”.
O documento não aborda directamente a possibilidade de acesso à comunhão pelos divorciados recasados, actualmente negado pela Igreja Católica.
Noutros pontos, valoriza-se a Família e a vocação ao casamento, com maior insistência na sua preparação e acompanhamento, com o mesmo cuidado e atenção que merecem pastoralmente outros tipos de vocação.
No seu discurso de encerramento, Francisco afirmou que este sínodo deu provas da vitalidade da Igreja, que “não tem medo de olhar a realidade”. O Papa acrescentou que “o Evangelho não é uma pedra morta para arremessar aos outros” e que este sínodo “desmascarou os que se refugiam na doutrina e julgam, com superioridade, as famílias feridas”.
Francisco considera que este sínodo “superou as conspirações” e “a ferrugem de uma linguagem arcaica ou incompreensível” e que foi “animado por um diálogo livre, nem sempre benévolo, mas enriquecedor”.
Para Francisco, o caminho do sínodo não fica por aqui porque o relatório aprovado termina com um pedido para que o Papa publique um documento sobre a família.
A votação do documento com 50 páginas e 94 parágrafos decorreu este sábado no Vaticano. Todos os artigos foram votados um a um pelos 265 padres sinodais.
Antes da votação, os bispos que participam no sínodo aprovaram uma declaração onde apelam ao fim da guerra no Médio Oriente.