26 out, 2015 - 08:18 • Aura Miguel, em Roma, e Filipe d’Avillez
Os dois bispos portugueses que participaram no sínodo sobre a família, em Roma, estão entusiasmados com o resultado final e ansiosos por aplicar as conclusões à realidade portuguesa.
D. Antonino Dias, bispo de Portalegre e Castelo Branco, é o responsável pela pastoral familiar, no seio da Conferência Episcopal Portuguesa, e mostra vontade de fazer uma partilha do que aprendeu durante o sínodo. “Vamos ter o encontro dos secretariados diocesanos agora, em Novembro, e nesse mês que vem irei fazer uma partilha daquilo que aqui vivi, toda a riqueza que aqui se passou. As dioceses estão empenhadas, estão preocupadas e todos queremos que a família ocupe o seu lugar, sinta o valor que tem e se ajude a promover e a defender.”
D. Manuel Clemente faz um comentário parecido, ressalvando que, mais do que aplicar as ideias do sínodo à sua diocese, quer concertar esforços com o resto do país. O patriarca sublinha a importância do papel desempenhado pelo Papa Francisco em todo este processo. “Estou completamente na linha do Papa Francisco, é providencial termos este homem e o serviço que ele está a prestar à Igreja, e Deus o mantenha por muitos anos e bons”, diz.
“Ele olha todas estas realidades com misericórdia, e tem esta perspectiva de não condenar ninguém, verificar a situação concreta, positiva ou negativamente, é o que é, mas haver sempre um caminho de expectativa", acrescenta D. Manuel.
Uma das principais novidades que o documento final do sínodo apresenta é a ideia de que as pessoas em uniões irregulares possam fazer um processo de discernimento, devidamente acompanhados, que possa culminar com a sua admissão aos sacramentos. O documento final não tem força de lei, mas serve de recomendação ao Papa, que agora deverá escrever um documento definitivo, que pode ser uma exortação apostólica.
“Eu estou com muita expectativa para ver o que é que o Papa, com uma exortação apostólica pós-sinodal, ou como ele entender, pegar em todas estas reflexões e nos disser como devemos fazer, a abertura que vai ser dada a esses nossos irmãos e irmãs que não podendo aceder à eucaristia podem aceder a tudo o mais. Nós temos de dar muita atenção ao caso concreto de cada um e de cada uma”, diz o patriarca Clemente.
D. Antonino, questionado sobre se se revê neste documento, prefere 'passar a bola' a Francisco: “As coisas são como são, não são como a gente gostaria que fossem, e, portanto, é um documento que é colegial, foi a vontade da maioria que propôs aquilo ao Santo Padre. Agora, o Santo Padre é que tem de pôr as cartas em cima da mesa, jogar ele.”
O sínodo sobre a família começou no dia 4 de Outubro e chegou ao fim no domingo, dia 25. Participaram cerca de 300 pessoas, na maioria bispos, mas também alguns padres, religiosos e religiosas e leigos, incluindo vários casais.