22 nov, 2015 - 23:15 • Isabel Pacheco
A notícia da visita do Papa à República Centro-Africana deixou muito satisfeito o padre Dex Steve Goyeko.
O missionário espiritano vive em Portugal há vários anos. Está actualmente em Braga e falou à Renascença, não escondendo a angústia que sente sempre que recebe notícias da violência no seu país Natal, onde tem família.
Dex Steve Goyeko conta que alguns dos seus familiares foram obrigados a fugir do país. “Tenho uma irmã que teve a casa destruída e todos seus bens levados pelos rebeldes e teve de fugir para o Congo vizinho. Ficou lá muito tempo e teve que recomeçar toda a vida a partir do nada. Quando ouvimos estas situações sabendo que podemos acordar um dia e ouvir que um familiar, um irmão ou amigo levou um tiro. Isso claro que nos aperta o coração”, conta.
Um coração apertado pelo receio da violência e da destruição, resultado da acção dos rebeldes que levou à intervenção da ONU, mas que “não chega para estabelecer a paz”. É preciso, alerta o espiritano, “uma tomada de consciência do próprio povo”.
É por isso, explica, que o povo vê nesta vista do Papa um momento de esperança. “Todas acções previstas até agora não resultaram. Esta visita é considerada como a única solução para o povo reconciliar-se”, adianta o padre Dex, porque, para lá de todas as forças armadas que a ONU possa enviar, se não houver uma reconciliação de coração, “não haverá nunca paz nesta terra”.
Esta razão fez com que Dex Steve Goyeko não se surpreendesse com a decisão do Papa Francisco em visitar o seu país, apesar, da instabilidade reinante. O missionário lembra, até, que os problemas no seu país foram colocados na agenda com o pontificado de Francisco.
“Quando o Papa Francisco tomou posse, rezou o Angelus pela República Centro Africana e foi a partir daí que se começou a falar da RCA porque, durante um ano, ninguém falava. Era um mal menor, era um país esquecido”.
O Papa vai a África (Quénia, Uganda e República Centro-Africana) entre 25 e 30 de Novembro.