27 nov, 2015 - 15:55 • Aura Miguel , no Uganda, e Filipe d’Avillez
O modo como se acolhem os refugiados “é um teste da nossa humanidade, do nosso respeito pela dignidade humana e, acima de tudo, da nossa solidariedade para com os irmãos e irmãs necessitados”, disse esta sexta-feira o Papa Francisco, em Entebbe, no Uganda.
As palavras foram proferidas durante esta primeira visita do Papa a África, mas parecem claramente dirigidas a uma Europa que se confronta actualmente com uma crise de migrantes. Segundo dados do Alto Comissariado da ONU para os Refugiados, mais de 800 mil migrantes e refugiados chegaram em 2015 à Europa através do Mediterrâneo.
O Papa não se poupou aos elogios à forma como o governo local tem agido neste campo. “O Uganda demostrou um empenhamento excepcional na recepção dos refugiados, permitindo-lhes reconstruir as suas vidas em segurança e experimentar a dignidade que provém de ganhar a própria subsistência com um trabalho honesto.”
Pouco depois de aterrar, Francisco foi recebido pela elite política e pelo corpo diplomático acreditado no país. O Papa falou daquilo que se espera dos governantes. “Apesar das nossas crenças religiosas e convicções diferentes, somos todos chamados a procurar a verdade, a trabalhar pela justiça e a reconciliação, e a respeitar-nos, proteger-nos e ajudar-nos uns aos outros como membros da única família humana.”
“Estes altos ideais são pedidos particularmente a homens e mulheres como vós que tendes o dever de assegurar com critérios de transparência um bom governo, um desenvolvimento humano integral, uma ampla participação na vida pública da nação e também uma sábia e justa distribuição dos recursos que o Criador derramou tão abundantemente sobre estas terras”, disse.
A visita ao Uganda insere-se no contexto da sua primeira visita a África – não só enquanto Papa. Francisco começou esta viagem por ir ao Quénia e no domingo está prevista uma ida à República Centro-Africana.
Esta passagem pelo Quénia tem como principal atractivo a comemoração dos mártires do Uganda, 45 jovens mortos pela sua fé cristã no século XIX. Os 22 que eram católicos foram canonizados em 1964 por Paulo VI, os restantes 23 são anglicanos. No seu conjunto são considerados heróis nacionais.
A Renascença em África com o Papa Francisco. Apoio: Santa Casa da Misericórdia de Lisboa