15 dez, 2015 - 12:53
O Vaticano deve ser muito mais agressivo com os suspeitos de crimes financeiros e acelerar a resolução dos processos. A ideia é defendida pelo Moneyval, organismo do Conselho da Europa que monitoriza as questões financeiras.
O relatório divulgado esta terça-feira reconhece que têm sido dados passos importantes no combate aos crimes financeiros, mas poucos processos deram origem a acusações e condenações.
O Vaticano deu grandes passos quando surgiu o escândalo relacionado com o seu banco e com outros departamentos financeiros, mas foi excessivamente tímido na esfera judicial, defende aquele órgão de contraterrorismo financeiro e antilavagem de dinheiro.
“Mantém-se a falta de condenações em processos por lavagem de dinheiro ou relacionados. Esta situação tem de ser melhorada”, refere o relatório da Moneyval, organismo sediado em Estrasburgo.
O documento refere-se a, pelo menos, dois casos pendentes de suspeita de crime financeiro, como desfalques e lavagem de dinheiro, no ano passado.
Há meses, foi aberta uma investigação, depois de um relatório interno denunciar que um departamento da Santa Sé que supervisiona investimentos imobiliários foi usado para possível lavagem de dinheiro, manipulação de mercado e uso de informação privilegiada.
Há um ano, o procurador principal do Vaticano congelou 16 milhões de euros em contas bancárias detidas por dois antigos gestores do Banco do Vaticano e por um advogado, em resultado da investigação à venda de propriedades do Vaticano.
Em nenhum dos casos houve qualquer acusação, sublinha o relatório.
Por outro lado, o órgão judicial do Vaticano, conhecido como Gabinete do Promotor de Justiça, agiu com rapidez quando foi para acusar cinco pessoas, incluindo dois jornalistas que se encontram actualmente em julgamento por causa de fuga de informações (Vatileaks).
O Moneyval elogia a autoridade de informação financeira do Vaticano (AIF) pelas reformas levadas a cabo no banco do Vaticano, cujo nome oficial é Instituto das Obras Religiosas (IOR). O Papa aumentou os poderes e a independência da AIF, liderada pelo advogado suíço René Bruelhart.
O IOR, que durante décadas esteve envolvido em numerosos escândalos financeiros, foi reestruturado e milhares de contas foram fechadas.