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Migrantes "não são números". Mensagem do Papa para uma Europa que "é a pátria dos direitos humanos"

16 abr, 2016 - 12:20 • Catarina Santos, em Lesbos, com Aura Miguel

"A Europa é a pátria dos direitos humanos, e toda a pessoa que ponha pé em terra europeia deverá poder experimentá-lo", lembrou Francisco, durante um discurso proferido no porto da ilha grega de Lesbos.

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O Papa defendeu, este sábado, que todos os que os migrantes "não são números" e que a Europa os deve receber com dignidade.

"Nunca devemos esquecer que, antes de ser números, os migrantes são pessoas, são rostos, nomes, casos. A Europa é a pátria dos direitos humanos, e toda a pessoa que ponha pé em terra europeia deverá poder experimentá-lo", disse Francisco, durante um discurso proferido no porto da ilha grega de Lesbos.

Francisco fez que questão de "lançar de novo um veemente apelo à responsabilidade e à solidariedade" de modo a que se trabalhe "para remover as causas desta dramática realidade", uma vez que "não basta limitar-se a resolver a emergência do momento, é preciso desenvolver políticas de amplo respiro, não unilaterais".

O Papa considera prioritário "construir a paz nos lugares aonde a guerra levou destruição e morte e impedir que este cancro se espalhe a outros lugares", sendo para isso necessário um combate "à proliferação e ao tráfico das armas e às suas teias muitas vezes ocultas" e terminar com "qualquer apoio" àqueles que "perseguem projectos de ódio e violência".

Para que a luta contra esta crise tenha êxito, Francisco considera também fundamental que se promova "incansavelmente a colaboração entre os países, as organizações internacionais e as instituições humanitárias, não isolando mas sustentando quem enfrenta a emergência", tendo, nesta perspectiva, renovado votos "de bom sucesso à I Cimeira Humanitária Mundial que terá lugar, em Istambul, no próximo mês.

"Muitos refugiados, que se encontram nesta ilha e em várias partes da Grécia, estão a viver em condições críticas, num clima de ansiedade, medo e por vezes de desespero, devido às limitações materiais e à incerteza do futuro", disse ainda o Papa, lamentando que alguns "incluindo muitas crianças, nem sequer conseguiram chegar" ao destino pretendido, tendo morrido no mar, "vítimas de viagens desumanas e sujeitos às tiranias de ignóbeis algozes".

A Grécia enquanto exemplo

Na sua intervenção no porto de Lesbos, Francisco disse que "desde que Lesbos se tornou uma meta para tantos migrantes à procura de paz e dignidade", sentiu vontade de ali se deslocar e, por isso, agradeceu essa possibilidade "a Deus" e a quem tornou possível a visita.

"Quero expressar a minha admiração ao povo grego, que, apesar das graves dificuldades que enfrenta, soube manter abertos os corações e as portas. Muitas pessoas simples puseram à disposição o pouco que tinham, partilhando-o com quem estava privado de tudo. Deus recompensará esta generosidade, tal como a doutras nações vizinhas que, desde os primeiros momentos, receberam com grande disponibilidade inúmeros migrantes forçados", declarou.

Ao elogio à generalidade dos gregos, o Papa lembrou também as populações locais: "Vós, habitantes de Lesbos, dais provas de que nestas terras, berço de civilização, ainda pulsa o coração duma humanidade que sabe reconhecer, antes de tudo, o irmão e a irmã, uma humanidade que quer construir pontes e evita a ilusão de levantar cercas para se sentir mais segura. Na verdade, em vez de ajudar o verdadeiro progresso dos povos, as barreiras criam divisões e, mais cedo ou mais tarde, as divisões provocam confrontos.

Francisco rematou a sua intervenção com palavras de esperança: "Perante as tragédias que se abatem sobre a humanidade, Deus não permanece indiferente, não está longe. É o nosso Pai, que nos sustenta na construção do bem e rejeição do mal. E não só nos sustenta, mas em Jesus mostrou-nos o caminho da paz: face ao mal do mundo, fez-Se nosso servo e, com o seu serviço de amor, salvou o mundo. Este é o verdadeiro poder que gera a paz, só quem serve com amor, constrói a paz. O serviço faz cada um sair de si mesmo para cuidar dos outros: não deixa que as pessoas e as coisas caiam em ruína, mas sabe guardá-las, superando o espesso manto da indiferença que ofusca as mentes e os corações."

Comentários
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  • 16 abr, 2016 20:35
    E se fossem os portugueses na fatalidade de uma eventual guerra em Portugal a pedir asilo à Siria, ou a qualquer paìs àrabe? Serà que nos recebiam de braços abertos,ou nos decapitavam a todos logo ali na fronteira? Se sao arabes,o que veem fazer para a Europa? Acho que andam a brincar com o fogo, e depois quem se lixa,é a populaçao, porque estes senhores e senhoras muito "humanitàrios" estão seguros nos seus gabinetes e nas suas residencias de condominios privados com segurança à porta. Parece andar tudo louco, e até jà envolvem as crianças com simulacoes de mochilas nesta autentica invasao de arabes. Africa é enorme, e nao tinham para onde ir? Náo aprenderam nada coma França e Bélgica, que foram invadidos hà muitos anos atràs, e agora jà nascem là como cidadaos e como nao se sentem adaptados.. coitados, poem bombas para agradecer o acolhimento. Mandem vir mais, que ainda nao chegam os que jà cà estao. .sao todos boas pessoas ate comecarem a matar pessoas.
  • António Costa
    16 abr, 2016 Cacém 14:56
    Então como é? Em Chipre os muçulmanos não conseguiam viver na "Europa dos Direitos Humanos", o que leva a uma Invasão da Turquia. A comunidade muçulmana, dispersa pela ilha de Chipre agrupa-se no norte da Ilha ocupada pela Turquia. Os cristãos são expulsos para o centro e sul da ilha. Se era difícil aos muçulmanos de Chipre viver sob uma administração grega porque fogem da Turquia para a Grécia e para os países cristãos da Europa ocidental? Porque não fogem para os países como o Irão (xiita) ou o Cazaquistão?

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