24 jun, 2016 - 14:38 • Aura Miguel , enviada da Renascença à Arménia
O Papa Francisco agradeceu e elogiou o testemunho de fé do povo arménio que tem no baptismo e no martírio elementos constitutivo da sua identidade histórica.
“Para a Arménia, a fé em Cristo não foi uma espécie de vestido que se põe ou tira segundo as circunstâncias e conveniências, mas um elemento constitutivo da sua própria identidade, um dom de enorme valor que se há-de acolher com alegria e guardar com empenho e fortaleza, à custa da própria vida”, afirmou Francisco na visita à catedral apostólica de Etchmiadzin, onde teve um momento de oração e fez o seu primeiro discurso desta visita de três dias à Arménia.
“Queira o Senhor abençoar-vos por este luminoso testemunho de fé, que demonstra de maneira exemplar a poderosa eficácia e fecundidade do Baptismo recebido há mais de 1.700 anos, com o sinal eloquente e sagrado do martírio, que se manteve um elemento constante da história do vosso povo”, prosseguiu o Papa.
A Arménia foi o primeiro país a adoptar o Cristianismo como religião de estado, no século IV. Actualmente a maioria dos arménios pertence à Igreja Apostólica da Arménia, que se separou de Roma na altura do Concílio de Calcedónia, no século V, e está actualmente em comunhão com uma mão cheia de outras igrejas, incluindo a copta e a etíope. Existe também uma Igreja Arménia Católica, pouco representativa em termos demográficos mas que desempenha um importante papel social no país e na diáspora.
Na presença do líder da Igreja Apostólica, Karekin II, o Papa agradeceu o caminho ecuménico já percorrido, sublinhando que as duas igrejas cristãs conseguiram, “através dum diálogo sincero e fraterno” com o objectivo de chegar um dia “à plena partilha da mesa eucarística”.
O Papa Francisco começou por dizer que atravessou “comovido” a porta daquela catedral e considerou “um dom precioso de Deus” aproximar-se daquele altar. No seu discurso, recordou o diálogo entre as duas igrejas fomentado pelos seus antecessores João Paulo II e Bento XVI.
“O mundo está, infelizmente, marcado por divisões e conflitos, bem como por graves formas de pobreza material e espiritual, incluindo a exploração das pessoas, mesmo de crianças e idosos, e espera dos cristãos um testemunho de estima mútua e colaboração fraterna, que faça resplandecer diante de cada consciência o poder e a verdade da Ressurreição de Cristo”, afirmou o Papa, apelando ao “esforço paciente e renovado rumo à unidade plena”.
A Renascença na Arménia com o Papa Francisco. Apoio: Santa Casa da
Misericórdia de Lisboa