25 jun, 2016 - 10:55 • Aura Miguel ,a acompanhar o Papa na visita à Arménia
Há mais arménios espalhados pelo mundo do que a viver no seu país de origem, consequência, em parte, dos acontecimentos ocorridos há 100 anos, no declínio do Império Otomano.
Francisco classificou de genocídio a morte de 1,5 milhões de arménios e o mesmo já o fizeram vários parlamentos, incluindo o alemão e o francês.
Para Razmik Panossian, director do serviço de apoio às comunidades arménias na diáspora, a visita do Papa é motivo de orgulho para os arménios em todo o mundo e também de esperança para a consolidação da paz na região.
Que importância tem para si a visita do Papa?
É uma ocasião muito importante. Evidentemente, o chefe da maior Igreja cristã vai visitar a Igreja cristã mais antiga, com uma história de 1700 anos. A visita vai chamar a atenção para a rica cultura e história do povo arménio, mas também para os diversos desafios que a Arménia enfrenta actualmente, como o conflito com o Azerbaijão (sobre Nagorno Karabackh).
Então, considera importante que o Papa visite também o Azerbaijão em Setembro?
Sim, é importante que um homem como o Papa vá aos dois países.
Como é que os arménios na diáspora olham para este acontecimento?
Há mais arménios a viver na diáspora do que em toda a Arménia. Para eles, a visita do Papa é uma fonte de orgulho e será um momento particularmente feliz para os arménios católicos, que são uma pequena percentagem, mas com um enorme contributo para a cultura arménia ao longo dos séculos.
Podemos saber o número dos arménios fora e dentro da Arménia?
Cinco milhões fora do país e 2,5 a 3 milhões na Arménia.
Esta visita assinala também o centenário do grande massacre do povo arménio, mas a questão continua a ser muito incómoda…
É verdade, 29 países reconheceram o genocídio do povo arménio – o mais recente foi a Alemanha – e o Papa também. Mas isto não é um concurso de popularidade, não é uma questão de “os arménios dizem que” e “os turcos dizem que”, é uma questão de verdade ou mentira, uma questão de justiça ou negação. Claro que o país mais importante que deve reconhecê-lo é a Turquia. Felizmente, existem muitas vozes na Turquia – turcos, curdos, arménios – que falam abertamente sobre o assunto mas, infelizmente, o Governo não o faz e nega veementemente.
Espera que o Papa reforce, uma vez mais, esta realidade histórica durante a vista?
Sim, esperamos todos.
Em que é que a visita do Papa pode ajudar a Arménia e os países vizinhos no caminho da paz?
O Papa é um grande porta-voz para a paz. Espero que a sua mensagem de paz e amor seja ouvida na região. O conflito entre a Arménia e o Azerbaijão é muito volátil e, recentemente, houve uma guerra de quatro dias. A grande autoridade moral e a sabedoria do Papa vai certamente enfatizar a importância de uma resolução pacífica do conflito, de ambos os lados. Esta mensagem é importante.