25 jun, 2016 - 09:18
O Papa pediu, este sábado de manhã, que nunca mais se assista a tragédias como a do genocídio dos arménios – um massacre de cerca de um milhão e meio de pessoas que, 100 anos depois, não é reconhecido pela Turquia.
Francisco esteve no memorial às vítimas e escreveu no livro de honra do memorial que “a memória é fonte de paz no futuro”. “Aqui rezo, com dor no coração, para que nunca mais haja tragédias como esta, para que a humanidade não esqueça e saiba vencer o mal com o bem”, escreveu, pelo seu punho, numa mensagem para o Livro de Honra deste complexo.
Também esta manhã, o Papa presidiu à primeira missa desta visita, en Gyumri, para a comunidade católica arménia. E, na sua homilia, também convidou à preservação da “memória do povo”.
“De facto, os povos têm uma memória, como as pessoas. E a memória do vosso povo é muito antiga e preciosa”, afirmou Francisco naquela que é considerada a primeira nação cristã da história, após ter proclamado o Cristianismo como religião oficial de Estado em 301.
Gyumri fica a 120 quilómetros da capital, Yerevan, e foram muitas as pessoas que viajaram até lá para ouvir o Papa, muitas delas oriundas da vizinha Geórgia.
Na Praça Vartanants, Francisco recordou as “tremendas adversidades” que os cristãos arménios viveram e homenageou os que deram testemunho de fé com o seu “sangue”.
Partindo das leituras do Livro de Isaías e do Evangelho de S. Lucas), o Papa questionou em que alicerces os cristãos constroem as suas vidas. E o primeiro alicerce de que falou foi, precisamente, a memória.
“Uma graça que devemos pedir é a de saber recuperar a memória, a memória daquilo que o Senhor realizou em nós e por nós: trazer à mente que Ele, como diz o Evangelho de hoje, não nos esqueceu, mas «recordou-Se de nós: escolheu-nos, amou-nos, chamou-nos e perdoou-nos; na nossa história pessoal de amor com ele, houve grandes acontecimentos que se devem reavivar com a mente e o coração”, afirmou Francisco.
E continuou, dirigindo-se, em concreto, ao povo arménio: “Mas há também outra memória a salvaguardar: a memória do povo. De facto, os povos têm uma memória, como as pessoas. E a memória do vosso povo é muito antiga e preciosa. Nas vossas vozes, ressoam as dos Santos sábios do passado; nas vossas palavras, há o eco de quem criou o vosso alfabeto, com a finalidade de anunciar a Palavra de Deus; nos vossos cânticos, misturam-se os gemidos e as alegrias da vossa história. Pensando em tudo isto, certamente podereis reconhecer a presença de Deus: Ele não vos deixou sozinhos. Mesmo no meio de adversidades tremendas, poderemos dizer, com o Evangelho de hoje, que o Senhor visitou o vosso povo recordou-Se da vossa fidelidade ao Evangelho, das primícias da vossa fé, de todos aqueles que testemunharam, mesmo à custa do sangue, que o amor de Deus vale mais que a vida. É bom para vós poderdes lembrar, com gratidão, que a fé cristã se tornou a respiração do vosso povo e o coração da sua memória.”
Os outros alicerces de que Francisco falou nesta homilia são a fé e o amor misericordioso.
A Renascença na Arménia com o Papa Francisco. Apoio: Santa Casa da
Misericórdia de Lisboa