07 ago, 2016 - 09:39 • Ana Lisboa
A Semana Nacional das Migrações decorre desde este domingo até ao próximo, 14 de Agosto, este ano com o tema “Migrantes e refugiados – rosto da misericórdia”. Trata-se de um tema actual, que tem sido muitas vezes abordado pelo Papa Francisco. Ainda recentemente, na sua visita à Polónia, Francisco apelou à disponibilidade para acolher os refugiados.
O mesmo defende o bispo de Beja. O também presidente da Comissão Episcopal da Mobilidade Humana considera que “precisam de ser acolhidos com misericórdia, não apenas com a perspectiva de serem mão-de-obra barata e que se pode explorar”. Em seu entender, “não podemos olhar à cor de pele ou à religião, mas temos que acolher com humanidade e com misericórdia as pessoas. É esse exemplo que o Papa nos tem dado e as muitas mensagens que nos tem dirigido”.
D. António Vitalino pede ainda que “as comunidades cristãs, quando as pessoas chegam e batem à porta, devem abrir-se , devem criar outra mentalidade e não fechar-se em si mesmas e ver o outro como um inimigo, como alguém que nos vem incomodar. E, portanto, há muitas vezes da parte das comunidades cristãs um certo medo, um certo fechar-se em si mesmas e pouca abertura e pouca hospitalidade”.
O bispo de Beja defende que as leis da imigração “precisam de ser adaptadas às situações de emergência. E tratando-se de uma emergência humanitária, não podemos ir só pela legislação em vigor que regulamenta os fluxos dos migrantes”.
Iniciativas da Semana Nacional das Migrações
O ponto alto desta Semana é a peregrinação internacional ao Santuário de Fátima a 12 e 13 de Agosto que habitualmente reúne milhares de pessoas, nomeadamente, muitos emigrantes que nesta altura se encontram por cá de férias.
D. António Vitalino diz que “junta sempre para cima de cem mil emigrantes”.
No próximo domingo, 14 de Agosto, último dia desta Semana, o ofertório das Missas reverte a favor da Pastoral da Mobilidade Humana.
O Bispo de Beja queixa-se da falta de recursos financeiros: “Nos últimos anos, devido à crise económica, mas não só, os donativos têm diminuído e estamos a braços com algumas dificuldades para manter as obras que criámos. Daí que nós estamos dependentes dessa solidariedade, porque sem solidariedade é impossível mantermos as nossas obras”.
Vão ser oito dias a reflectir sobre os migrantes e refugiado, uma questão que tem sido um desafio para a Europa que enfrenta o maior fluxo migratório desde a segunda guerra mundial.