14 out, 2016 - 11:38 • Filipe d'Avillez
Os jesuítas elegeram esta sexta-feira o seu novo superior-geral.
O padre venezuelano Arturo Sosa, de 67 anos, foi o escolhido pelos representantes na 36ª Congregação Geral.
Arturo Sosa estava há alguns anos a trabalhar no Vaticano, como delegado do actual superior-geral para as casas internacionais e para as obras da sociedade de Jesus, mas antes foi o superior provincial da Venezuela, durante os difíceis anos da presidência de Hugo Chávez.
Numa entrevista publicada em 2014, já depois da morte de Chávez e de Sosa ter rumado para o Vaticano, o jesuíta não hesita em apelidar o regime de “ditadura da maioria”.
O jesuíta português Miguel Almeida, que se encontra em Roma para acompanhar a Congregação Geral, sublinha que se trata de um homem que não tem medo de confrontar o poder. "Penso que muito nos inícios terá até simpatizado com algumas das ideias revolucionárias, de que logo se afastou e veio a denunciar, sem dúvida nenhuma, o regime de Chávez. Sem dúvida nenhuma é corajoso, directo, claro e preparado para o que vier."
Com esta eleição, o padre Sosa torna-se o 30º sucessor de Santo Inácio de Loiola e líder da maior ordem religiosa a nível mundial. Trata-se também do primeiro superior-geral não europeu, eleito menos de quatro anos depois de Francisco, também ele jesuíta de formação, se ter tornado o primeiro Papa da América Latina.
"É claro que há aqui um movimento para o Sul. De facto na América Latina a Igreja tem-se mantido, não tem crescido muito, tem crescido mais na África e na Ásia, mas na Europa e América do Norte tem decrescido, pelo que é natural que comecem a vir mais pessoas e haja mais oferta da América do Sul. Os últimos três gerais da América do Sul eram todos europeus mas missionários em terras longínquas. Este é o primeiro que não é missionário, mas é oriundo de uma terra que já foi de missão. Isso é um movimento claro no Cristianismo", refere o padre Miguel Almeida.
Os jesuítas desempenham um papel de grande importância na Igreja em todo o mundo e o seu superior-geral é frequentemente referido como "o Papa negro" pela sua influência.
O mandato de um superior-geral é vitalício, mas os últimos resignaram, com autorização do Papa, por volta dos seus 80 anos.
[Notícia actualizada às 12h46]
La congregación reza con el nuevo General, el P Arturo Sosa, sj pic.twitter.com/8TRuFk0cPv
— Jesuit GC36 (@jesuitGC36) October 14, 2016