07 dez, 2016 - 21:39
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Os órgãos de comunicação social centrados em escândalos ou que espalham notícias falsas correm o risco de se tornar como as pessoas que têm um fascínio mórbido por excrementos, afirma o Papa.
Em entrevista ao semanário católico belga “Tertio”, Francisco considera que a desinformação é “provavelmente o maior dano que os média podem provocar”.
Utilizar a comunicação para um jornalismo de escândalos e não para educar o público equivale a um "pecado", defende o Santo Padre.
O Papa deixa claro que os meios de comunicação, em si, são positivos, ajudam a construir, a pensar e a fraternizar, mas, como todos somos pecadores, também os média podem fazer muito mal.
Nesta entrevista, Francisco enuncia pelo menos quatro tentações que afectam estes meios, a começar pela calúnia, com mentiras para denegrir as pessoas, sobretudo no mundo da política.
Depois aponta a difamação, por exemplo, tirando do contexto factos do passado, antigas questões familiares ou relacionados com a justiça, mas já resolvidos e que são usados só para difamar.
Igualmente grave, para o Papa, é a desinformação, ou seja, dizer só uma parte da verdade, omitindo outros factores da realidade, impedindo assim o público de fazer um juízo sério sobre o que se passa.
Francisco pede desculpa por utilizar a expressão, mas aponta ainda uma quarta tentação, que apelidou da doença da coprofilia, o interesse patológico por fezes.
Ou seja, em vez de os média optarem pela informação límpida, positiva e transparente, preferirem a cobertura de escândalos, coisas más e feias, ainda que verdadeiras, argumenta.
“Os média devem optar por uma informação límpida, transparente e não caírem – sem ofensa – na doença da coprofilia, que é estar sempre a fazer a cobertura de escândalos, de coisas más, mesmo que sejam verdade”, disse Francisco.
“E como as pessoas têm tendência para a doença da coprofagia, muitos estragos podem ser feitos”, sublinhou.