17 dez, 2016 - 09:43 • Filipe d'Avillez
Esta economia mata
Evangelii Gaudium (EG), #53
Os direitos humanos não são apenas violados pelo terrorismo, repressão ou assassinato, mas também por estruturas económicas injustas, que criam enormes desigualdades.
Críticas ao governo argentino, em 2009, antes de ser eleito Papa
Se uma pessoa é homossexual e procura Deus e tem boa vontade, quem sou eu para julgar? O Catecismo da Igreja explica isso muito bem. Diz que eles não devem ser discriminados, mas integrados na sociedade.
Conversa com jornalistas no regresso do Brasil, Julho de 2013
Aquele que se confessa tem de se envergonhar do pecado: a vergonha é uma graça a pedir, é um bom factor, positivo, porque nos torna humildes.
Em “O Nome de Deus é Misericórdia”
É uma espécie de terceira guerra mundial travada “aos pedaços”
Homilia de missa campal na Bósnia, Junho de 2015
Há alguns meses, 23 coptas egípcios foram degolados numa praia da Líbia. Naquele momento pronunciaram o nome de Jesus. “Ai, mas não são católicos!” Mas são cristãos! São nossos irmãos! São os nossos mártires! Isto é ecumenismo de sangue!
Discurso aos membros do movimento Renovação Carismática, em Roma, Julho 2015
O problema não está ligado ao celibato. Se um padre é pedófilo, é pedófilo antes de ser padre. Quando isto acontece nunca se pode desviar o olhar. Não se pode estar numa posição de poder e destruir a vida de outra pessoa.
Sobre o Céu e a Terra, escrito antes de ser eleito Papa, com o rabino Abraham Skorka
Digamos juntos, de coração: nenhuma família sem casa, nenhum camponês sem terra, nenhum trabalhador sem direitos, nenhuma pessoa sem a dignidade que o trabalho dá.
Discurso aos movimentos populares, em Roma, Outubro de 2014
Prefiro uma Igreja acidentada, ferida e enlameada por ter saído pelas estradas, a uma Igreja enferma pelo fechamento e a comodidade de se agarrar às próprias seguranças.
EG #49
Vejo a Igreja como um hospital de campanha depois de uma batalha. É inútil perguntar a um ferido grave se tem o colesterol ou o açúcar altos. Devem curar-se as suas feridas. Depois podemos falar de tudo o resto. Curar as feridas, curar as feridas... E é necessário começar de baixo.
Entrevista às revistas dos jesuítas, Setembro de 2013
Aos sacerdotes, lembro que o confessionário não deve ser uma câmara de tortura, mas o lugar da misericórdia do Senhor.
EG #44
Os males mais graves que afligem o mundo hoje em dia são o desemprego dos jovens e a solidão dos idosos.
Frase atribuída a Francisco pelo jornalista Eugenio Scalfari, Outubro de 2013
Não podemos insistir somente sobre questões ligadas ao aborto, ao casamento homossexual e uso dos métodos contraceptivos. Isto não é possível. Eu não falei muito destas coisas e censuraram-me por isso. Mas quando se fala disto, é necessário falar num contexto. De resto, o parecer da Igreja é conhecido e eu sou filho da Igreja, mas não é necessário falar disso continuamente.
Entrevista às revistas dos jesuítas, Setembro de 2013
Alguns pensam, e desculpem o termo, que para serem bons católicos devem ser como coelhos.
Conversa com jornalistas no regresso das Filipinas, referindo-se à procriação, Janeiro de 2015
Consola-me e dá-me esperança ver tantas famílias numerosas que acolhem as crianças como verdadeiros dons de Deus.
Audiência Geral 1 de Janeiro de 2015
A corrupção produz um vício e gera pobreza, exploração, sofrimento. E quantas vítimas não existem no mundo de hoje!
Angelus dominical, Setembro de 2016
Uma das coisas mais féis sobre a corrupção é que aquele que se torna corrupto pensa que não precisa do perdão.
Homilia da missa diária, Janeiro de 2016
É verdade que não se pode reagir violentamente, mas se ele, grande amigo, ofender a minha mãe, pode esperar um murro. É normal!
Conversa com jornalistas no voo para as Filipinas, Janeiro de 2015
Na Europa, nos Estados Unidos, na América Latina, na África, nalguns países da Ásia, existem verdadeiras colonizações ideológicas. E uma delas – digo-a claramente por “nome e apelido” – é o gender! Hoje às crianças – às crianças! –, na escola, ensina-se isto: o sexo, cada um pode escolhê-lo. E porque ensinam isto? Porque os livros são os das pessoas e instituições que te dão dinheiro. São as colonizações ideológicas, apoiadas mesmo por países muito influentes.
Conversa com bispos polacos à margem da JMJ, Agosto de 2016
Não sejamos ingénuos, não é uma mera luta política; é uma intenção destrutiva do plano de Deus. Não é um mero projecto legislativo (isso é apenas o instrumento), mas antes uma manobra do pai das mentiras, que deseja confundir e enganar os filhos de Deus.
Carta às carmelitas a propósito da proposta de lei para legalizar o casamento entre pessoas do mesmo sexo na Argentina, Setembro de 2013, quando ainda era arcebispo de Buenos Aires
Homens e mulheres são sacrificados aos ídolos do dinheiro e do consumo. Se uns sem-abrigo morrem congelados na rua, isso não é notícia. Por outro lado, uma queda de 10 pontos na bolsa de algumas cidades é vista como uma tragédia. É assim que as pessoas são descartadas. Nós, pessoas, somos descartados, como se fôssemos lixo. A vida humana, a pessoa, já não são vistas como valores primordiais a respeitar e a proteger, sobretudo se forem idosos e deficientes, se ainda não tiverem utilidade – como as crianças não nascidas – ou se já não tiverem utilidade – como os idosos.
Audiência geral, Junho de 2013
“Uma pessoa que só pensa em fazer muros, seja onde for, em vez de fazer pontes, não é cristão. Isso não é do Evangelho. Sobre votar ou não votar, não interfiro; digo apenas que este homem não é cristão. Se é que ele disse isto assim; é preciso apurar se ele disse mesmo assim. Por isso, dou-lhe o benefício da dúvida.
Papa em conversa com jornalistas no regresso da visita ao México, questionado sobre Donald Trump e a construção do muro na fronteira com o México, Fevereiro de 2016
Encorajo-vos a acolher os refugiados nas vossas terras e nas vossas comunidades, para que a sua primeira experiência na Europa não seja a experiência traumática de dormir nas ruas frias, mas de acolhimento caloroso.
Papa aos alunos de escolas jesuítas da Europa, em Roma, Setembro 2016
Jesus jamais nos pediria para sermos assassinos; antes, chama-nos a sermos discípulos. Ele jamais nos enviaria para a morte, mas pelo contrário, tudo neles fala de vida. Uma vida em família, vida em comunidade; famílias e comunidades para o bem da sociedade.
Papa aos jovens do México, Fevereiro de 2016
Bento XVI encarna aquela relação constante com o Senhor Jesus sem a qual nada é verdade, tudo se torna rotina, os padres tornam-se funcionários salariados, os bispos tornam-se burocratas e a Igreja não é a Igreja de Cristo, mas um produto nosso, uma ONG supérflua.
Prefácio de “Ensinar e aprender o amor de Deus”, uma colecção de textos de autoria de Papa Bento XVI
A filosofia e a teologia permitem-nos adquirir as convicções que estruturam e fortalecem a inteligência e iluminam a vontade… Mas tudo isto apenas dá fruto se for feito de mente aberta e de joelhos.
Discurso do Papa a representantes de universidades pontifícias em Roma, Abril de 2014
Por causa dos condicionalismos ou dos factores atenuantes, é possível que uma pessoa, no meio duma situação objectiva de pecado – mas subjectivamente não seja culpável ou não o seja plenamente –, possa viver em graça de Deus, possa amar e possa também crescer na vida de graça e de caridade, recebendo para isso a ajuda da Igreja. (Em certos casos, poderia haver também a ajuda dos sacramentos.)
Amoris Laetitia (AL), #305, sobre pessoas em uniões irregulares
A violência, que está no coração humano ferido pelo pecado, vislumbra-se nos sintomas de doença que notamos no solo, na água, no ar e nos seres vivos. Por isso, entre os pobres mais abandonados e maltratados, conta-se a nossa terra oprimida e devastada, que “geme e sofre as dores do parto”.
Laudato si (LS), #2
Há um consenso científico muito consistente, indicando que estamos perante um preocupante aquecimento do sistema climático. Nas últimas décadas, este aquecimento foi acompanhado por uma elevação constante do nível do mar, sendo difícil não o relacionar ainda com o aumento de acontecimentos meteorológicos extremos, embora não se possa atribuir uma causa cientificamente determinada a cada fenómeno particular. A humanidade é chamada a tomar consciência da necessidade de mudanças de estilos de vida, de produção e de consumo, para combater este aquecimento ou, pelo menos, as causas humanas que o produzem ou acentuam.
LS #23
Em vez de resolver os problemas dos pobres e pensar num mundo diferente, alguns limitam-se a propor uma redução da natalidade. Não faltam pressões internacionais sobre os países em vias de desenvolvimento, que condicionam as ajudas económicas a determinadas políticas de “saúde reprodutiva”. (…) Pretende-se, assim, legitimar o modelo distributivo actual, no qual uma minoria se julga com o direito de consumir numa proporção que seria impossível generalizar, porque o planeta não poderia sequer conter os resíduos de tal consumo.
LS #50
Embora suponha também processos evolutivos, o ser humano implica uma novidade que não se explica cabalmente pela evolução doutros sistemas abertos. Cada um de nós tem em si uma identidade pessoal, capaz de entrar em diálogo com os outros e com o próprio Deus.
LS #81
Não é compatível a defesa da natureza com a justificação do aborto. Não parece viável um percurso educativo para acolher os seres frágeis que nos rodeiam e que, às vezes, são molestos e inoportunos, quando não se dá protecção a um embrião humano ainda que a sua chegada seja causa de incómodos e dificuldades.
LS #120
Um teólogo que não reza, ou que não adora a Deus, acaba por se afundar no mais repugnante narcisismo. E esta é uma doença eclesiástica. O narcisismo, nos teólogos e nos pensadores, é prejudicial e repugnante.
Discurso do Papa a representantes de universidades pontifícias em Roma, Abril de 2014
Infelizmente essa tragédia, esse genocídio, foi o primeiro de uma série de catástrofes deploráveis do século passado, tornado possível por objectivos raciais, ideológicos ou religiosos deturpados, que escureceram as mentes dos algozes, ao ponto de planear a aniquilação de povos inteiros.
Discurso em Yerevan, Arménia, Junho de 2016
Nós, cristãos, deveríamos acolher com afecto e respeito os imigrantes do Islão que chegam aos nossos países, tal como esperamos e pedimos para ser acolhidos e respeitados nos países de tradição islâmica. Rogo, imploro humildemente a esses países que assegurem liberdade aos cristãos para poderem celebrar o seu culto e viver a sua fé, tendo em conta a liberdade que os crentes do Islão gozam nos países ocidentais.
EG #253
O verdadeiro Islão e uma interpretação adequada do Alcorão opõem-se a toda a violência.
EG #253
A proposta cristã, ainda que atravesse períodos obscuros e fraquezas eclesiais, nunca envelhece. Jesus Cristo pode romper também os esquemas enfadonhos em que pretendemos aprisioná-Lo, e surpreende-nos com a sua constante criatividade divina
EG #11
Um pequeno passo, no meio de grandes limitações humanas, pode ser mais agradável a Deus do que a vida externamente correcta de quem transcorre os seus dias sem enfrentar sérias dificuldades.
EG #44
Todos têm o direito de receber o Evangelho. Os cristãos têm o dever de o anunciar, sem excluir ninguém, e não como quem impõe uma nova obrigação, mas como quem partilha uma alegria, indica um horizonte estupendo, oferece um banquete apetecível. A Igreja não cresce por proselitismo, mas “por atracção”.
EG #14
Desejo afirmar, com mágoa, que a pior discriminação que sofrem os pobres é a falta de cuidado espiritual. A imensa maioria dos pobres possui uma especial abertura à fé; tem necessidade de Deus e não podemos deixar de lhe oferecer a sua amizade, a sua bênção, a sua Palavra, a celebração dos Sacramentos e a proposta dum caminho de crescimento e amadurecimento na fé. A opção preferencial pelos pobres deve traduzir-se, principalmente, numa solicitude religiosa privilegiada e prioritária.
EG #200
Penso, aliás, que não se deve esperar do magistério papal uma palavra definitiva ou completa sobre todas as questões que dizem respeito à Igreja e ao mundo. Não convém que o Papa substitua os episcopados locais no discernimento de todas as problemáticas que sobressaem nos seus territórios. Neste sentido, sinto a necessidade de proceder a uma salutar “descentralização”.
EG #16
A crise financeira que atravessamos faz-nos esquecer que, na sua origem, há uma crise antropológica profunda: a negação da primazia do ser humano.
EG #55
Sempre me angustiou a situação das pessoas que são objecto das diferentes formas de tráfico. Quem dera que se ouvisse o grito de Deus, perguntando a todos nós: ‘Onde está o teu irmão?’ (Gn 4, 9). Onde está o teu irmão escravo? Onde está o irmão que estás matando cada dia na pequena fábrica clandestina, na rede da prostituição, nas crianças usadas para a mendicidade, naquele que tem de trabalhar às escondidas porque não foi regularizado? Não nos façamos de distraídos!
EG #211
44- Entre estes seres frágeis, de que a Igreja quer cuidar com predilecção, estão também os nascituros, os mais inermes e inocentes de todos, a quem hoje se quer negar a dignidade humana para poder fazer deles o que apetece, tirando-lhes a vida e promovendo legislações para que ninguém o possa impedir (...) esta defesa da vida nascente está intimamente ligada à defesa de qualquer direito humano. Supõe a convicção de que um ser humano é sempre sagrado e inviolável, em qualquer situação e em cada etapa do seu desenvolvimento.
EG #213
45- A nossa tristeza e vergonha pelos pecados de alguns membros da Igreja, e pelos próprios, não devem fazer esquecer os inúmeros cristãos que dão a vida por amor.
EG #76
46- “Um dos sinais concretos desta abertura é ter, por todo o lado, igrejas com as portas abertas. Assim, se alguém quiser seguir uma moção do Espírito e se aproximar à procura de Deus, não esbarrará com a frieza duma porta fechada.”
EG #47
47- Onde há vida, fervor, paixão de levar Cristo aos outros, surgem vocações genuínas. (...) Por outro lado, apesar da escassez vocacional, hoje temos noção mais clara da necessidade de melhor selecção dos candidatos ao sacerdócio. Não se podem encher os seminários com qualquer tipo de motivações, e menos ainda se estas estão relacionadas com insegurança afectiva, busca de formas de poder, glória humana ou bem-estar económico.
EG #107
48- Por conseguinte, ninguém pode exigir-nos que releguemos a religião para a intimidade secreta das pessoas, sem qualquer influência na vida social e nacional, sem nos preocupar com a saúde das instituições da sociedade civil, sem nos pronunciar sobre os acontecimentos que interessam aos cidadãos. Quem ousaria encerrar num templo e silenciar a mensagem de São Francisco de Assis e da Beata Teresa de Calcutá?
EG #183
49- Pelo menos digamos ao Senhor: “Senhor, estou chateado com este, com aquela. Peço-Vos por ele e por ela”. Rezar pela pessoa com quem estamos irritados é um belo passo rumo ao amor, e é um acto de evangelização. Façamo-lo hoje mesmo.
EG #101
50- A Eucaristia, embora constitua a plenitude da vida sacramental, não é um prémio para os perfeitos, mas um remédio generoso e um alimento para os fracos. Estas convicções têm também consequências pastorais, que somos chamados a considerar com prudência e audácia. Muitas vezes agimos como controladores da graça e não como facilitadores. Mas a Igreja não é uma alfândega; é a casa paterna, onde há lugar para todos com a sua vida fadigosa.
EG #47
51- O sacerdócio reservado aos homens, como sinal de Cristo Esposo que Se entrega na Eucaristia, é uma questão que não se põe em discussão, mas pode tornar-se particularmente controversa se se identifica demasiado a potestade sacramental com o poder. (...) O sacerdócio ministerial é um dos meios que Jesus utiliza ao serviço do seu povo, mas a grande dignidade vem do Baptismo, que é acessível a todos.
EG #104
52- A dignidade da pessoa humana e o bem comum estão por cima da tranquilidade de alguns que não querem renunciar aos seus privilégios.
EG #218
53- Ninguém deveria dizer que se mantém longe dos pobres, porque as suas opções de vida implicam prestar mais atenção a outras incumbências. Esta é uma desculpa frequente nos ambientes académicos, empresariais ou profissionais, e até mesmo eclesiais.
EG #201
54- Às vezes sentimos a tentação de ser cristãos, mantendo uma prudente distância das chagas do Senhor. Mas Jesus quer que toquemos a miséria humana, que toquemos a carne sofredora dos outros. Espera que renunciemos a procurar aqueles abrigos pessoais ou comunitários que permitem manter-nos à distância do nó do drama humano, a fim de aceitarmos verdadeiramente entrar em contacto com a vida concreta dos outros e conhecermos a força da ternura. Quando o fazemos, a vida complica-se sempre maravilhosamente e vivemos a intensa experiência de ser povo, a experiência de pertencer a um povo.
EG #270
55- “O que seria da Igreja sem vocês? Faltaria a maternidade, o afecto, a ternura e a intuição de mãe! A consagrada é uma mãe e não uma solteirona!”
Discurso a superiores de ordens religiosas femininas, Maio de 2013
56- O sacerdote que sai pouco de si mesmo, que unge pouco, perde o melhor do nosso povo, aquilo que é capaz de activar a parte mais profunda do seu coração presbiteral. Quem não sai de si mesmo, em vez de ser mediador, torna-se pouco a pouco um intermediário, um gestor. Daqui deriva precisamente a insatisfação de alguns, em vez de serem pastores com o “cheiro das ovelhas”, pastores no meio do seu rebanho, e pescadores de homens.
Homilia da Missa do Crisma, Março de 2013
57- Apenas posso dizer que os comunistas roubaram-nos a bandeira. A bandeira dos pobres é cristã. A pobreza está no centro do Evangelho… Os comunistas dizem que isto é tudo comunismo. Certo, mas vinte séculos mais tarde. Por isso quando falam, podemos-lhes dizer, “Mas então tu és cristão”.
Entrevista ao jornal Il Messaggero, Junho de 2014
58- De vários lados se colhe uma impressão geral de cansaço e envelhecimento, de uma Europa avó que já não é fecunda nem vivaz. Daí que os grandes ideais que inspiraram a Europa pareçam ter perdido a sua força de atracção, em favor do tecnicismo burocrático das suas instituições.
Discurso no Parlamento Europeu, Novembro de 2014
59- Aos recém-casados, sempre dou este conselho: discutam o quanto quiserem; não se preocupem se voarem alguns pratos. Mas nunca terminem o dia sem fazer as pazes. Nunca!
Visita a Assis, Outubro de 2013
60- Vocês ouvem os avós? Abrem o vosso coração à memória que nos dão os avós? Os avós são a sabedora da família, são a sabedoria de um povo. E um povo que não ouve os avós, é um povo que morre! Ouçamos os avós!
Discurso aos participantes da Peregrinação das Famílias, Outubro de 2014
61- Uma vez uma pessoa, de modo provocatório, perguntou-me se aprovava a homossexualidade. Eu, então, respondi-lhe com uma outra pergunta: “Diz-me: Deus, quando olha para uma pessoa homossexual, aprova a sua existência com afecto ou rejeita-a, condenando-a?” É necessário sempre considerar a pessoa.
Entrevista às revistas dos jesuítas, Setembro de 2013
62- A Igreja não tem as portas fechadas para ninguém. Os divorciados não estão excomungados como alguns pensam, e não podem ser tratadas como tal, elas fazem sempre parte da Igreja.
Audiência geral, Agosto de 2015
63- Quem é Jorge Bergoglio? Sou um picador. Essa é a definição mais correcta. Não é uma figura de estilo, um recurso literário. Sou um pecador.
Entrevista às revistas dos jesuítas, Setembro de 2013
64- Em Portugal, só estive uma vez no aeroporto, há anos, quando vinha para Roma, num avião da Varig que fazia escala em Lisboa, por isso, só conheço o aeroporto. Mas conheço muitos portugueses. E, no Seminário de Buenos Aires, havia muitos empregados, emigrantes portugueses, gente boa, que tinha muita familiaridade com os seminaristas. E o meu pai tinha um colega de trabalho português. Lembro-me do seu nome, Adelino, bom homem. E uma vez conheci uma senhora portuguesa, com mais de 80 anos, que me deixou boa impressão. Quer dizer, nunca conheci um português mau.
Entrevista à Renascença, Setembro de 2015
65- O clericalismo, que é uma das doenças mais graves de que a Igreja padece, distancia-se da pobreza. O clericalismo é rico. Se não é rico em dinheiro, é rico em orgulho. Mas é rico: Há no clericalismo um apego às posses.
Conversa com os jesuítas presentes em Roma para a XXXVI Convenção Geral, 2016
66- Tenho a impressão de que o meu pontificado será breve – quatro ou cinco anos, talvez até dois ou três. Dois já passaram. É uma sensação um bocado estranha. Sinto que o Senhor me colocou aqui por pouco tempo.
Entrevista ao canal mexicano Televisa, Março de 2015
67- A Palavra de Deus não se apresenta como uma sequência de teses abstractas, mas como companheira de viagem, mesmo para as famílias que estão em crise ou imersas nalguma tribulação, mostrando-lhes a meta do caminho.
Amoris Laetitia (AL), #22
68- Também nos custa deixar espaço à consciência dos fiéis, que muitas vezes respondem o melhor que podem ao Evangelho no meio dos seus limites, e são capazes de realizar o seu próprio discernimento perante situações onde se rompem todos os esquemas. Somos chamados a formar as consciências, não a pretender substitui-las.
AL #37
69- Precisamos de encontrar as palavras, as motivações e os testemunhos que nos ajudem a tocar as cordas mais íntimas dos jovens, onde são mais capazes de generosidade, de compromisso, de amor e até mesmo de heroísmo, para convidá-los a aceitar, com entusiasmo e coragem, o desafio do matrimónio.
AL #40
70- A eutanásia e o suicídio assistido são graves ameaças para as famílias, em todo o mundo. A sua prática é legal em muitos Estados. A Igreja, ao mesmo tempo que se opõe firmemente a tais práticas, sente o dever de ajudar as famílias que cuidam dos seus membros idosos e doentes.
AL #48
71- Nas situações difíceis em que vivem as pessoas mais necessitadas, a Igreja deve pôr um cuidado especial em compreender, consolar e integrar, evitando impor-lhes um conjunto de normas como se fossem uma rocha, tendo como resultado fazê-las sentir-se julgadas e abandonadas precisamente por aquela mãe que é chamada a levar-lhes a misericórdia de Deus. Assim, em vez de oferecer a força sanadora da graça e da luz do Evangelho, alguns querem “doutrinar” o Evangelho, transformá-lo em “pedras mortas para as jogar contra os outros”.
AL #49
72- Devemos reconhecer a grande variedade de situações familiares que podem fornecer uma certa regra de vida, mas as uniões de facto ou entre pessoas do mesmo sexo, por exemplo, não podem, simplisticamente, ser equiparadas ao matrimónio. Nenhuma união precária ou fechada à transmissão da vida garante o futuro da sociedade.
AL #52
73- [A educação] não é apenas um encargo ou um peso, mas também um direito essencial e insubstituível [dos pais] que estão chamados a defender e que ninguém deveria pretender tirar-lhes. O Estado oferece um serviço educativo de maneira subsidiária, acompanhando a função não delegável dos pais, que têm o direito de poder escolher livremente o tipo de educação – acessível e de qualidade – que querem dar aos seus filhos, de acordo com as suas convicções.
AL #84
74- Comprometer-se de forma exclusiva e definitiva com outrem sempre encerra uma parcela de risco e de aposta ousada. A recusa de assumir um tal compromisso é egoísta, interesseira, mesquinha; não consegue reconhecer os direitos do outro e não chega jamais a apresentá-lo à sociedade como digno de ser amado incondicionalmente.
AL #132
75- As famílias numerosas são uma alegria para a Igreja. Nelas, o amor manifesta a sua fecundidade generosa.
AL #167
76- Talvez a maior missão de um homem e de uma mulher no amor seja esta: a de se tornarem, um ao outro, mais homem e mais mulher.
AL #221
77- Frequentemente a educação sexual concentra-se no convite a “proteger-se”, procurando um “sexo seguro”. Estas expressões transmitem uma atitude negativa a respeito da finalidade procriadora natural da sexualidade, como se um possível filho fosse um inimigo de que é preciso proteger-se. Deste modo promove-se a agressividade narcisista, em vez do acolhimento.
AL #283
78- A misericórdia é verdadeira, é o primeiro atributo de Deus. Depois, podem-se fazer reflexões teológicas sobre doutrina e misericórdia, mas sem esquecer que a misericórdia é doutrina. Contudo, gosto mais de dizer: A misericórdia é verdadeira.
Em “O Nome de Deus é Misericórdia”
79- A família é também a primeira escola da misericórdia, porque se é amado e se aprende a amar, se é perdoado e aprende-se a perdoar. Penso no olhar de uma mãe que trabalha muito para comprar o pão para o filho toxicodependente. Ama-o apesar dos seus erros.
Em “O Nome de Deus é Misericórdia”
80- A prostituição é pecado, e as prostitutas são chamadas mulheres de má vida ou simplesmente más mulheres. Socialmente diz-se que são execráveis, porque contaminam a cultura e a boa educação. E a mesma pessoa que diz isto vai à festa do terceiro casamento de uma conhecida (depois do segundo divórcio), ou aceita que fulana ou sicrana tenha umas aventurazinhas (desde que sejam de bom gosto), ou que se publiquem as insatisfações amorosas de tal actriz de cinema, que muda de companheiro como quem troca de sapatos. O meu ponto é: há uma diferença entre a prostituta e a dita senhora sem preconceitos. A primeira ainda não perdeu o seu pudor; a segunda, aparentemente, está para lá do pudor, numa atitude de desfaçatez, que as convenções sociais convertem em pudica.
Em “Corrupção e pecado”, escrito antes de ser eleito Papa