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Salário mínimo é "insuficiente", mas D. Jorge Ortiga pede "ponderação" na definição do aumento

22 dez, 2016 - 11:34 • Pedro Mesquita

"O salário mínimo não é suficiente para um estilo de vida que hoje se impôs - em alguns casos, desnecessariamente, mas noutros com absoluta necessidade", diz o responsável da Pastoral Social, lembrando que para haver justiça "há que pensar em diversas equações e não pôr o problema numa só perspectiva"

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D. Jorge Ortiga entrevistado por Pedro Mesquita - 22/12/2016 - Salário mínimo

O responsável da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana, o bispo D. Jorge Ortiga, não tem dúvidas de que o actual salário mínimo é "insuficiente", mas pede "ponderação" e "diálogo" ás partes que negoceiam o aumento na Concertação Social.

O também arcebispo-primaz de Braga não sugere números - "não tenho competência para analisar devidamente o assunto" -, mas lembra que o fraco crescimento económico do país é um factor a ter em conta.

"Há que pensar em diversas equações e não apenas pôr o problema numa só perspectiva", defende D. Jorge Origa.

Que importância atribui o responsável pela Pastoral Social à obtenção de um acordo sobre o salário mínimo?

Os acordos são sempre fundamentais para o bem-estar e a vida das pessoas. É preciso dialogar, é preciso procurar uma concertação e procurar discernir em comum aquilo que é melhor para todos. Em todas as ocasiões, os acordos são sempre bem-vindos. Devem, efectivamente, ser estudados e devidamente pensados por todos, sem excluir absolutamente ninguém.

As confederações patronais propõem 540 euros, o Governo 557, a CGTP pede 600, já em Janeiro. Os valores que estão em cima da mesa traduzem um equilíbrio entre as necessidades das empresas e as necessidades dos empregados?

Eu não quero entrar em questão de números, que não me diz respeito, e, portanto, não tenho competência para analisar devidamente o assunto. Creio, porém, que, na verdade, podemos dizer que o salário mínimo não é suficiente para um estilo de vida que hoje se impôs - em alguns casos, desnecessariamente, mas noutros com absoluta necessidade. Por isso, é talvez fundamental alterar. Falando de justiça, isto leva-nos a ter que pensar em diversas equações e não apenas pôr o problema numa só perspectiva. Creio que é também fundamental olhar para a capacidade das empresas.

Diz que há vá várias perspectivas e, pro exemplo, as IPSS estão preocupadas com as consequências do aumento do salário mínimo...

É verdade. São as IPSS e são também algumas entidades patronais, que não têm capacidade de acompanhar este salário mínimo. As IPSS, com aquela quantia estabelecida nos acordos da Segurança Social e o pouco que as pessoas vão dando, têm, neste momento, muita dificuldade em poder corresponder, pagando a tempo e a horas aos seus funcionários, em harmonia com aquilo que está estipulado. Se o ordenado mínimo subir muito, terão dificuldades muito maiores, tal como nas empresas de Portugal, onde o crescimento económico não se verificou. É também necessário equacionar esta vertente. É preciso ponderação e ver o que é mais oportuno. Considero que o salário mínimo, como está neste momento, talvez seja insuficiente, mas o resto deve ser bem pensado e só com uma concertação de todos é que conseguiremos encontrar a solução adequada.

Comentários
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  • Pinto
    20 jan, 2017 Custoias 12:51
    D. Ortiga Já se esqueceu da retirada dos feriados religiosos? Quem ganhou com isso, o país? Acha que 557.00€ é algum salário decente? Ainda quer o dízimo dos portugueses que passam a vida a remexer os bolsos?
  • Fernando de Almeida
    23 dez, 2016 Vern sur Seiche 00:59
    Não tenho memo'ria dos governos da Républica po's 25 de Abril de 74.. se intrometerem nas questões da Igreja Cato'lica Portuguesa. Mas diariamente verifico que responsa'veis da Igreja se intrometem nas decisões do governo da Républica. INTOLERAVEL! A Igreja se quer fazer politica organize-se e concorra a eleições e vera' o que vale em termos politicos.Pela minha parte, como cidadão, que sempre pagou os seus impostos o que mais lastimo é que governos em vez de cumprirem as suas obrigações tenham entrado na negociata da IPSS. EU ou qualquer outro cidadão não temos que mendigar o favor de ser acolhidos, em caso de necessidade, junto de uma entidade privada e muito menos junto de uma entidade confissional.E' mais que altura de a Républica se saber comportar e saber assumir as suas responsabilidades. Não tenho nada contra a Igreja ou outra qualquer confissão ter escolas universidades hospitais ou lares. E' legitimo, mas às suas pro'prias custas.Ja' é mais que altura do governo rever esses contratos com as IPSS em que a Igreja se tem mostrado muito interessada. Ouvir o senhor Jorge Ortiga argumentar sobre o aumento do sala'rio minimo como o ex sindicalista, hoje patrão dos patrões, é profundamente desagradavel
  • La Palice
    22 dez, 2016 lx 12:39
    Como é óbvio!...mas isto é um problema politico e não religioso!
  • Ana
    22 dez, 2016 Guarda 12:33
    Sua Eminência pode tentar viver com 550€!...

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