03 jan, 2017 - 11:27
Um homem paquistanês está a receber ameaças de morte por parte de fundamentalistas islâmicos por ter pedido orações pelas vítimas da lei que pune a blasfémia naquele país.
Shaan Taseer é filho de Salman Taseer, o governador do Punjab que foi assassinado há seis anos depois de ter defendido a causa de Asia Bibi - uma cristã condenada à morte em 2010 por alegadamente ter ofendido o Islão, continuando detida e a aguardar o resultado de um recurso.
O governador criticou a lei, que é frequentemente utilizada para perseguir crentes de minorias religiosas, como cristãos e hindus, ou para resolver disputas pessoais e acabou por ser morto a tiro pelo seu guarda-costas, Mumtaz Qadri, que se tinha radicalizado.
Agora, numa mensagem publicada na sua conta do Facebook, Shaan Taseer desejou um feliz Natal aos cristãos do país e pediu orações em especial pelas vítimas da lei da blasfémia, que classificou como “desumana”. A lei prevê pena de morte para quem critica Maomé ou prisão perpétua para quem profana o Alcorão.
A resposta dos extremistas muçulmanos não se fez esperar. Um grupo fundamentalista fez queixa na polícia, exigindo que Taseer seja julgado precisamente por blasfémia, e o activista recebeu dezenas de ameaças de morte, que considera credíveis.
“Estão a enviar-me fotografias de Mumtaz Qadri, com mensagens a dizer que como ele há muitos à minha espera”, afirmou Taseer, em declarações à agência Reuters.
Os extremistas dão às autoridades até esta terça-feira para deter e acusar Taseer de blasfémia, prometendo manifestações caso o seu desejo não seja acatado.
Este incidente é mais um sinal do problema crescente de fundamentalismo no Paquistão, um país de esmagadora maioria islâmica, onde os cristãos são uma minoria de cerca de 1%.
Mais de 200 pessoas foram acusadas de blasfémia no Paquistão só em 2015. Embora não haja registo de execuções ao abrigo da lei, desde a sua implementação, são frequentes os assassinatos extra-judiciais de pessoas acusadas, tanto dentro da prisão como depois da libertação.