19 fev, 2017 - 00:49
Esta quarta edição das conversas sobre a fé reuniu 12 oradores, cada um com 7 minutos, para responder à pergunta “É possível amar o mundo?” - foi esta a proposta deste ano da “Faith’s Night Out”. O evento organizado pelas Equipas de Jovens de Nossa Senhora encheu o auditório. Quase 1.500 pessoas – e outras 500 não conseguiriam comprar bilhete – para ouvir os testemunhos do padre José Tolentino Mendoça, de Ricardo Araújo Pereira, do professor António Gentil Martins e de Cuca Roseta, entre outros. Houve também espaço para dois momentos musicais. O grupo Projecto Parábola e Rão Kyao puseram a plateia a cantar.
“Somos muito mais parecidos do que parece. Eu também estou à procura de consolo, também estou sozinho, o mundo para mim também é demasiado grande, áspero, assustador”. Foi com esta frase que Ricardo Araújo Pereira, o único não-crente do painel, começou a sua intervenção sobre “O que o mundo espera dos crentes”. O humorista ressalvou que não se considerava ninguém para poder falar pelo mundo e que os crentes “não estão fora do mundo”. Em jeito de resposta ao tema que lhe foi proposto pela organização, Ricardo Araújo Pereira deixou um pedido: “Não se esqueçam que são crentes” e “mantenham a vossa fé.”
Numa noite em que se discutiu a fé, foi também abordado o tema da santidade. O padre José Tolentino Mendonça disse que “a santidade não é uma coroa de glória”. O professor da Universidade Católica diz que a santidade tem sido considerada “uma coisa tão extraordinária e abstracta, uma coisa tão abstrusa, pietista e inalcançável que nunca ouvimos falar dela”. E frisou que a santidade não é só para alguns, é antes “a vocação mais comum e inclusiva”.
Nesta conferência, houve igualmente espaço para falar de redes sociais. Maria e Pedro Lebre de Freitas têm uma equipa de casais e dão cursos de preparação para o matrimónio. O casal alertou que, por vezes, ao querermos fotografar ou filmar um momento, acabamos por não desfrutar dele. Embora as novas tecnologias também sirvam para nos aproximar uns dos outros, o casal relembrou que muitas vezes, as redes sociais têm um lado negativo: “mostram que estamos demasiados focados em alimentar o nosso ego”.
A fadista Cuca Roseta falou da sua experiência pessoal na fé e contou que é na sua profissão que se sente verdadeiramente um instrumento de Deus. Sem fé a fadista não conseguiria aguentar a vida por vezes cansativa que leva, confessou. E fez outro desabafo: tem a certeza de que tudo na sua vida ganha sentido com Deus, até a dor.
O último orador da noite foi D. José Ornelas de Carvalho. O bispo de Setúbal terminou convencido de que a pergunta “É possível amar o mundo?” tinha sido respondida. “Este mundo não é perfeito. E é por isso mesmo que é preciso amá-lo porque só se conserta com amor”.