15 mai, 2017 - 15:58 • Ângela Roque
Teresa Power lançou, recentemente, o livro “Em tua casa - Crónicas de uma família católica”, numa edição da Paulus Editora. Casada há 17 anos, professora, é mãe de seis filhos, “mais um, que já está no céu”, como faz sempre questão de dizer.
Casou com Niall Power, irlandês, e vivem em Mogofores, Anadia. Conheceram-se quando ambos eram estudantes de Erasmus, na Alemanha, e foi a oração do terço que os aproximou. Hoje, rezam-no sempre em família, com os filhos.
Em 2013, teresa e Niall criaram o blogue “Uma família católica”, que inspirou muitas outras famílias a também viveram a fé em casa. Nasceu, então, o movimento “Famílias de Caná”, que já foi reconhecido pela diocese de Aveiro.
Em entrevista à Renascença, neste Dia Internacional da Família, Teresa Power fala deste livro, com o qual espera inspirar mais famílias.
No que é que se baseou para escrever este livro?
É baseado em muitos dos posts do blogue, mas tem uma linha depois que o une todo, que é a nossa história. No, blogue escrevia o dia-a-dia de uma família católica, com as suas histórias - tristes, alegres, divertidas ou mais sérias - e no livro elas aparecem com uma sequência desde o nosso namoro.
O blogue “Uma família católica”, criado em 2013, foi seguido com muito interesse por muita gente, mas, entretanto, encerrou para dar lugar a um site. Que site é este?
Deu lugar ao site das “Famílias de Caná”, que é o movimento de famílias que nasceu a partir da nossa família, da nossa experiência familiar. E, então, encerrámos o blogue para criar um site que já não falasse apenas de nós, da nossa família, mas daquilo que é o projecto das famílias de Caná, que partilham este sonho de ser Igreja doméstica, desta forma concreta que nós propomos.
E o que é que propõem?
Propomos tempo de família e tempo de Deus. Hoje, as famílias correm de um lado para o outro, parece que não têm tempo umas para as outras. As pessoas dizem “não tenho tempo para rezar”, “não tenho para conversar”, e aquilo que propomos - e que nós vivemos, de facto, na nossa família - é ter tempo. Tempo uns para os outros, marido, mulher, filhos, e termos tempo para Deus nesse nosso tempo de família, termos um lugar central para Deus. No fundo, à semelhança da família de Caná, que fez festa, viveu em alegria, em partilha de vida, em festa com Jesus e Maria no seu meio, e portanto, é isso que nós propomos, sim.
Ao publicar estes textos em livro, pretende chegar até mais gente?
É uma forma de ir mais longe. As pessoas que já partilham e que já conheciam o nosso ideal já não precisavam tanto do livro, mas eu penso que era importante pôr por escrito, e chegar a muitas mais famílias, porque nós temos uma boa nova para transmitir. Num mundo em que vemos a família a cair num grande abismo, nós todos vemos isso a toda a hora, não é? Eu sou professora e vejo de ano para ano aumentar o numero de divórcios, vejo os casos cada vez mais problemáticos de vidas familiares desfeitas, e nós temos uma boa nova – é que dando tempo a Deus, dando tempo à família, estando uns com os outros e fazendo festa com o Senhor, lendo todos os dias a Palavra de Deus, rezando o terço todos os dias como nossa Senhora propôs, é possível, com gestos muito simples e pequenos momentos diários, com alguns minutos por dia, salvar as famílias. E muitas outras famílias já partilham este nosso ideal e são prova viva de que é possível ser feliz, ter uma família unida, sadia, que é possível os filhos crescerem sem se afastarem da fé.
Existe muito aquela ideia de que as crianças crescem e, eu ouço isso muitas vezes, que “chegam à adolescência e é normal afastarem-se da fé”. Não, não é normal, o que nos queremos que seja normal é crescer num ambiente de fé a vida inteira, é isso que nos temos para transmitir e é isso que nos queremos que seja o normal, e não o divórcio, o estar longe da fé.
E a oração faz parte?
A oração faz parte essencial. A família precisa de descobrir outra vez como é rezar em família, e precisa de o fazer com simplicidade. Nossa Senhora falou-nos do terço em Fátima, e disse seis vezes a três crianças de sete, nove e 10 anos “rezem o terço todos os dias”.
Elas eram pequeninas e conseguiam fazer isso, agora são santas, a Jacinta e o Francisco, graças a Deus, tivemos esta grande festa da sua canonização, portanto nós queremos que as nossas crianças peguem no terço, sim, e comecem a rezar, e nós com eles.
Com orações tão simples como a do terço, com a ida à missa ao domingo, em família, todos juntos. O terço leva o quê, 15, 20 minutos ao serão? Não demora muito. Ler o Evangelho do dia são mais cinco minutos, se dermos 20, 30 minutos por dia a Deus será assim tanto? E no entanto para nós dar esses 30 minutos a Deus, que nós damos todos os dias, é o segredo da mais completa felicidade.
Esta entrevista foi transmitida no espaço das 12h, na Renascença, que às segundas-feiras é dedicado aos temas sociais e relacionados com a vida da Igreja.