29 mai, 2017 - 11:47
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Os bispos da Bélgica criticaram fortemente a decisão tomada por uma ordem religiosa naquele país, no sentido de permitir a eutanásia nos estabelecimentos de saúde que gere.
Os Irmãos da Caridade trabalham sobretudo no ramo da saúde mental e gerem 15 estabelecimentos psiquiátricos, que cuidam de mais de cinco mil doentes por ano.
No início de Maio, a ordem publicou uma declaração a dizer que vai passar a permitir que a eutanásia seja administrada aos doentes que a pedem. Trata-se portanto de eutanásia pedida por pessoas com problemas mentais e que não sofrem necessariamente de doença terminal. A Bélgica permite a eutanásia para estes casos.
Os bispos belgas criticaram duramente a decisão dos Irmãos da Caridade. Numa nota a conferência episcopal diz que a eutanásia ataca “as fundações da nossa civilização”.
“Não podemos concordar que a eutanásia seja praticada em doentes psiquiátricos que não sofrem de doenças terminais. Este nosso ponto de vista não significa que queiramos deixar a pessoa em sofrimento. O sofrimento mental pode ser imenso e uma pessoa poderá sentir-se em total desespero, sem esperança – mas é precisamente nesta situação que temos a obrigação de permanecer próximos dela e não a abandonar”, escrevem os bispos.
Também o superior-geral da ordem, o belga René Stockman, criticou a decisão que foi tomada pela direcção que administra os hospitais e que inclui leigos. Stockman disse ao “Catholic News Service” que chamou a atenção de Roma para a situação e que o secretário de Estado do Vaticano, o cardeal Pietro Parolin, estava a investigar pessoalmente o assunto.
Ao mesmo jornal, a especialista em bioética Carine Brochier disse que desconfiava que a ordem tinha sofrido pressões políticas e financeiras para conciliar as suas práticas com a lei belga.
Em 2016, um lar de terceira idade gerido pela Igreja Católica foi multado em 6.000 euros depois de ter recusado que uma das suas utentes fosse eutanasiada. A senhora em questão foi levada de ambulância para casa, onde lhe foi administrada uma injecção letal e o lar foi condenado pela justiça. A mudança da prática nas unidades da ordem, que na Flandres, por exemplo, é dos maiores fornecedores de serviços psiquiátricos, pode ser uma tentativa de evitar situações semelhantes.
Segundo a especialista Carine Brochier, “o movimento pró-eutanásia está muito contente com esta tomada de posição. Os irmãos da caridade trabalham com muitos leigos. Esses acham que a eutanásia devia ser permitida nos estabelecimentos. Suponho que alguns dos religiosos também queiram. O superior-geral é completamente contra, mas os irmãos na Bélgica são muito, muito progressistas”.