13 jun, 2017 - 16:26 • Henrique Cunha
O Papa Francisco critica a “riqueza descarada” de “privilegiados” que contrasta com o “escândalo” da pobreza na sua mensagem para o primeiro Dia Mundial dos Pobres, que se assinalará este ano a 19 de Novembro.
Francisco começa por exortar os “seus filhinhos” a “não amar com palavras, nem com a boca, mas com obras e com verdade”. Francisco deixa críticas à “riqueza descarada” de uma minoria de “privilegiados” que agrava os níveis de pobreza, a nível mundial.
“Infelizmente, nos nossos dias, sobressai cada vez mais a riqueza descarada que se acumula nas mãos de poucos privilegiados”, que é frequentemente acompanhada “pela ilegalidade e a exploração ofensiva da dignidade humana”, critica Francisco.
Noutro momento do documento de seis páginas, o Papa sustenta que “se desejamos dar o nosso contributo eficaz para a mudança da história, gerando verdadeiro desenvolvimento, é necessário escutar o grito dos pobres e comprometermo-nos a erguê-los do seu estado de marginalização.”
Francisco apela a que o actual cenário não cause resignação, lembrando ao mesmo tempo “predilecção de Jesus pelos pobres”.
A figura escolhida como “testemunha da pobreza genuína” é São Francisco de Assis, que fundou a Ordem dos Frades Menores (franciscanos).
“Somos chamados a estender a mão aos pobres, a encontrá-los, fixá-los nos olhos, abraçá-los, para lhes fazer sentir o calor do amor que rompe o círculo da solidão”, afirma o Papa.
Francisco recorda os que sofrem com a “marginalização, a opressão, a violência, as torturas e a prisão, pela guerra”, com a “privação da liberdade e da dignidade, pela ignorância e o analfabetismo” ou ainda pela emergência sanitária e a falta de trabalho, pelo tráfico de pessoas e a escravidão, pelo exílio e a miséria, pela migração forçada”.
Francisco manifesta também o desejo de que, “este ano, as comunidades cristãs, se empenhem na criação de muitos momentos de encontro e amizade, de solidariedade e ajuda concreta”.
O Papa manifesta, por fim, o desejo “ que este novo dia mundial se torne” num “forte apelo à nossa consciência crente, para ficarmos cada vez mais convictos de que partilhar com os pobres permite-nos compreender o Evangelho na sua verdade mais profunda”.
Para Francisco, “ os pobres não são um problema”, são “um recurso a que devemos lançar mão para acolher e viver a essência do Evangelho.
O Dia Mundial dos Pobres é uma iniciativa da Igreja Católica que vai passar a ser assinalada no penúltimo domingo do seu ano litúrgico (19 de Novembro, em 2017). A decisão foi anunciada por Francisco na conclusão do Jubileu da Misericórdia, que decorreu entre Dezembro de 2015 e Novembro de 2016.