04 ago, 2017 - 12:10
O Papa Francisco está contra a Assembleia Constituinte na Venezuela e pede que o Governo acabe com o processo de alteração da Constituição, para que a paz e a normalidade possam voltar ao país.
A Santa Sé emitiu esta sexta-feira um comunicado em que pede ao Governo o respeito pela Constituição vigente e o regresso à normalidade constitucional.
Na nota, assinada pela Secretaria de Estado, o equivalente ao Ministério dos Negócios Estrangeiros do Vaticano, lê-se um apelo “a todos os actores políticos, em particular ao Governo, que assegure o pleno respeito pelos direitos humanos e as liberdades fundamentais bem como a Constituição vigente”. Pede-se ainda que sejam suspensas “as iniciativas em curso, como a nova Constituinte que, ao invés de favorecer a reconciliação e a paz, fomentam um clima de tensão e de conflito e hipotecam o futuro”.
A Secretaria de Estado sublinha a gravidade da situação na Venezuela, marcada pelo “grave sofrimento do povo pelas dificuldades em encontrar comida e medicamentos e pela falta de segurança”.
Francisco, diz o comunicado, acompanha com proximidade a situação naquele país e as suas implicações “humanitárias, sociais, políticas, económicas e também espirituais e assegura a sua constante oração pelo país e por todos os venezuelanos, enquanto convida todo o mundo a rezar intensamente por esta intenção”, numa altura em que “aumenta o número de mortos, feridos e detidos”.
Por fim, o Papa, através da secretaria de Estado, apela ao fim da violência por parte de toda a sociedade, em particular as forças de segurança que se devem “abster do uso excessivo e desproporcional da força”.
A Venezuela vive um clima de tensão e violência há vários anos mas a situação agravou-se a partir do momento em que Nicolás Maduro, o Presidente que sucedeu a carismático Chávez, decidiu convocar uma Assembleia Constituinte para alterar a Constituição.
A oposição, que tem maioria no Parlamento, boicotou a eleição para a Constituinte e há indícios de fraude eleitoral, com o Governo a reivindicar mais votos do que houve na realidade. Os protestos têm-se sucedido nas ruas de Caracas, tornando-se frequentemente violentos, e há registo de mais de uma centena de mortos nos últimos meses.
A comunidade internacional tem rejeitado a tentativa de Maduro de alterar a Constituição e o país encontra-se mergulhado numa profunda crise social e humanitária, também, devido à escassez de medicamentos e de comida.
Na Venezuela vivem dezenas de milhares de portugueses e luso-descendentes, estima-se que cerca de quatro mil já tenham regressado a Portugal, sobretudo à ilha da Madeira, de onde a maioria é originária.