11 set, 2017 - 12:46
Os bispos das dioceses portugueses manifestam choque, surpresa e tristeza com a morte do bispo do Porto. D. António Francisco dos Santos morreu esta segunda-feira, aos 69 anos, vítima de enfarte agudo do miocárdio.
O bispo de Lamego, diocese de onde D. António Francisco dos Santos era originário, confessa-se “muito dorido” com a notícia da morte do bispo do Porto.
"São estas coisas intensas que nos dizem que, se calhar, este momento que agora estamos a viver é importante, não apenas porque D. António Francisco nos deixou, mas é importante também para nós percebermos que agora estamos aqui e, daqui a um bocado, podemos não estar. Este momento é decisivo. É absolutamente decisivo”, diz D. António do Couto à Renascença.
D. António recorda, ainda, que esteve com o bispo do Porto há oito dias, na festa das bodas de ouro de um dos padres de Lamego, e revela: "Ele fez questão de visitar a minha irmã, que está hospitalizada há mês e meio, com sérios problemas. Fiquei muito sentido com essa visita."
“Sinto muito o falecimento do meu irmão no episcopado D. António Francisco. Sei também das dificuldades que ele sentia no exercício do seu ministério. Sempre estive ao lado dele e estou. E é com dor que eu olho para esta situação”, completa.
"Extremamente feliz" em Fátima, no sábado
O bispo de Leiria-Fátima, D. António Marto, diz ter sido "um choque" ter recebido a notícia "logo pela manhã desta segunda-feira, depois de estar com ele no sábado, na peregrinação diocesana a Fátima."
"Ele estava extremamente feliz por ver uma adesão tão grande: 60 mil pessoas que vieram peregrinação. Mostra a vitalidade que ele tinha imprimido à Igreja do Porto", recorda
Para D. António Marto, a morte do bispo do Porto constitui "uma perda a nível pessoal, porque era um amigo com quem partilhava as alegrias e as problemáticas, quer da igreja quer da sociedade, que ele gostava de analisar com a sua serenidade", e também "uma perda para a Igreja do Porto, à qual estava a imprimir um dinamismo missionário".
O bispo de Leiria-Fátima destaca, também, a perda "para a Igreja em Portugal", pelo facto de D. António Francisco ter sido "voz activa na conferência episcopal, com as suas intervenções muito sensíveis, sobretudo, à questão educativa e à questão social"
"É uma triste partida, recebemo-la na fé. E, sobretudo, que a sua partida não nos deixe a presença que sempre teve connosco e o legado que nos deixa também. É o momento para o recordar diante de Deus e toda a sua Igreja. Certamente que ele, lá do Céu, terá presente a nossa Igreja", remata D. António Marto.
"Inesperado e surpreendente"
O bispo de Viseu, D. Ilídio Leandro, também recorda a presença de D. António Francisco no fim-de-semana, em Fátima, para sublinhar o "inesperado e surpreendente" da sua morte.
"Temos de aceitar, na confiança e na certeza de que, de facto, vivemos e morremos no Senhor. Deus chama-nos na hora menos esperada para quem porventura não está desperto para estes acontecimentos", nota o bispo de Viseu.
"Ao senhor D. António Francisco, grande amigo e grande irmão na conferência episcopal, eu quero desejar que esteja junto do Senhor a viver já aquela plena recompensa que o Senhor promete a todos os seus. À diocese do Porto eu dou também um abraço de muita comunhão, de muita unidade neste momento tão difícil", remata D. Ilídio Leandro.
"Precisávamos dele"
Por sua vez, o bispo de Vila Real, D. Amândio Tomás, reage à notícia “com profunda tristeza” e sublinha: “Partiu um amigo e um irmão bispo."
Em D. António Francisco dos Santos, o bispo de Vila Real vê também o seu antigo aluno: “Foi meu aluno no colégio de Lamego e tinha por ele muito apreço."
D. Amândio Tomás sublinha, ainda, que D. António Francisco era "um homem de uma inteligência rara, um homem mesmo bom, que tratou da mãe durante tantos anos até ela falecer. Um homem simples, humilde, acolhedor junto dos pobres, um homem extraordinário”.
"Foi uma grande perda para a Igreja de Deus, mas é preciso encarar o momento com fé e com esperança”, prossegue, para rematar: "Perdemos um grande amigo, um grande bispo. Precisávamos dele, mas Deus e o seu filho Jesus Cristo ressuscitado estão com a sua Igreja:"
"Choque grande"
Já o bispo de Bragança-Miranda, D. José Cordeiro, soube da notícia em Fátima, onde se encontra esta segunda-feira, e diz ter sofrido "um choque grande".
"Na fé, entregamos o nosso irmão. Que o Senhor o acolha na luz e na paz. Ele mesmo, com a Diocese do Porto, esteve aqui [em Fátima] no sábado passado, em peregrinação diocesana. Que a Senhora de Fátima o abrace”, disse D. José Cordeiroà Renascença.
"Profunda oração"
O porta-voz da Conferência de Episcopal Portuguesa (CEP), padre Manuel Barbosa, diz ter recebido a notícia "com profunda tristeza, emoção e consternção".
"É um homem, um pastor, um bispo de profunda humildade, simplicidade, competência, de saber. Sempre próximo das situações, das pessoas na sua Diocese. Mas também em toda a Igreja em Portugal, um serviço que ele prestava com muita competência nas várias comissões, no conselho permanente, em todos os serviços da Igreja em Portugal", sublinha o porta-voz do episcopado.
O padre Manuel Barbosa enfatiza que o momento é, assim, "de profunda oração por D. António, por toda a diocese do Porto e por toda a Igreja em Portugal".
"Enorme tristeza"
Com um sentimento de enorme tristeza. Foi assim que o arcebispo de Évora recebeu a noticia da morte de D. António Francisco dos Santos.
“Recebemos a notícia, aqui na reunião geral do clero, e foi um choque profundo para todos nós” tendo em conta que era “um bispo ainda muito jovem e com uma actividade pastoral muito dinâmica”, referiu D. José Alves que tem estado reunido, esta segunda-feira, no seminário de Évora com o clero da diocese.
“Era um homem muito querido e, particularmente para mim, era um grande amigo de longa data”, acrescentou o prelado eborense.
À margem da reunião, em declarações ao jornal diocesano “a defesa”, D. José Alves considerou, ainda, tratar-se de “uma grande perda”, acrescentando que “a morte dele provocou em todos nós uma grande surpresa e um choque emocional”.
“Ao mesmo tempo acolhemo-la como um sinal de que a nossa vida é realmente precária e demos graças a Deus pela vida deste sacerdote e deste Bispo, que foi um homem que se entregou totalmente à Igreja desde muito novo, primeiro na sua diocese de Lamego, depois em Aveiro, onde fez um excelente trabalho, e agora estava a desenvolver uma actividade realmente muito apreciada na diocese do Porto”, acrescentou o arcebispo de Évora.
"Uma perda enorme para mim e para o país"
O bispo de Beja soube pela Renascença da notícia da morte do prelado do Porto. D. João Marcos ficou “chocado e muito surpreendido”. “Estivemos juntos na semana passada, na terça-feira, aliás jantámos juntos na mesma mesa, e para mim, em particular, é uma perda enorme, mas também para o país”.
Parco em palavras e ainda a interiorizar a notícia, D. João Marcos referiu-se ao bispo do Porto como sendo “um homem notabilíssimo pela sua inteligência e pela sua fé”.
Já o bispo de Setúbal, D. José Ornelas, diz, em comunicado, que "quem conheceu o D. António sabe bem avaliar a perda que a sua inesperada partida significa no panorama da Diocese do Porto, da Igreja e do país. A sua presença amiga e sensível, a sua visão clara e iluminada, a sua dedicação pastoral inspirada pelo Evangelho, permanecem na nossa memória e continuarão e inspirar uma postura de dignidade e de coerência humana e cristã."
Viveu intensamente
O bispo de Viana do Castelo, D. Anacleto Oliveira, destaca “modo intenso” como D. António “vivia a vida”.
“Mas o que mais conservo na memória, aquilo que mais depressa me veio à mente, quando, esta manhã, recebi a notícia da sua morte, foi o modo intenso como ele vivia a vida. Dava-se todo a todos. Mostrou-me que a vida, afinal, não se mede pelos anos da sua duração, mas pelo modo como esses anos são preenchidos: no seu caso, com a Igreja, que amava profundamente, e com Deus, a quem se confiava totalmente”, refere D. Anacleto Oliveira.
O bispo de Viana recorda que conheceu D. António Francisco dos Santos no dia da sua ordenação episcopal e que estiveram juntos na Comissão Episcopal da Educação Cristã e Doutrina da Fé.
“Um amigo. Um santo. Um homem de Deus e da Igreja, pela ternura e intensidade com que todo se dava a todos”, é assim que D. Anacleto Oliveira recorda o bispo do Porto.