11 set, 2017 - 00:14
Foi com palavras muito directas e objectivas que o Papa se despediu da Colômbia. Na homilia da missa a que presidiu em Cartagena, último ponto da agenda antes de se deslocar para o aeroporto Francisco falou do país que encontrou.
Das marcas de muitos anos de guerrilha, do sofrimento do povo, mas sobretudo do caminho de pacificação que é necessário percorrer. Pediu aos políticos que saibam respeitar a memória colectiva, que garantam a justiça social, e que saibam conjugar a política e o direito com os interesses das pessoas.
Francisco deixou o seu conselho para que a Colômbia possa ter uma paz estável e duradoura.
“Se a Colômbia quer uma paz estável e duradoura, deve dar urgentemente um passo nesta direcção, que é a do bem comum, da equidade, da justiça, do respeito pela natureza humana e as suas exigências. Só se ajudarmos a desatar os nós da violência, é que desenredaremos a complexa teia dos conflitos: é-nos pedido para darmos o passo do encontro com os irmãos, tendo a coragem duma correcção que não quer expulsar mas integrar; é-nos pedido para sermos caridosamente firmes naquilo que não é negociável”, referiu.
Como exemplos da reconciliação que se deseja, o Papa lembrou a forma como foi recebido. “Nestes dias, ouvi muitos testemunhos de pessoas que saíram ao encontro de quem lhes fizera mal. Feridas terríveis que pude contemplar nos seus próprios corpos, perdas irreparáveis pelas quais se continua a chorar, e contudo aquelas pessoas saíram, deram o primeiro passo num caminho diferente daqueles já percorridos”, acrescentou.
O Sumo Pontífice referiu que "aprendemos que estes caminhos de pacificação, de primazia da razão sobre a vingança, de delicada harmonia entre a política e o direito, não podem prescindir das pessoas implicadas nos processos", elogiando o processo de paz em curso.
"Não basta o desenho de quadros normativos e acordos institucionais entre grupos políticos ou económicos de boa vontade. Jesus encontra a solução para o dano causado no encontro pessoal entre as partes. Além disso, é sempre enriquecedor incorporar nos nossos processos de paz a experiência de sectores que, em muitas ocasiões, foram deixados de lado, para que sejam precisamente as comunidades a revestir os processos de memória colectiva".
O Papa vai agora para o aeroporto de Cartagena, onde por volta da uma da madrugada, hora portuguesa, irá deixar a Colômbia.
A Renascença na Colômbia com o Papa Francisco. Apoio: Santa Casa da Misericórdia de Lisboa