11 set, 2017 - 18:17
"Estas notícias de hoje desenterraram no meu coração as notícias de 2007, quando a diocese do Porto acordou com a notícia do acidente vascular cerebral (AVC) de D. Armindo Lopes Coelho, bispo do Porto na altura. E hoje, quando o mundo evoca os atentados das Torres Gémeas de 11 de Setembro de 2001, vem-me à memória uma coisa boa: a bondade do senhor D. António.
Estivemos com ele em Fátima e com mais de 50 mil diocesanos do Porto. A sua alegria, a sua homilia e os seus comentários extensos – eu zangava-me sempre com ele por essa generosidade de partilha. Sinto no meu coração que o bispo do Porto morreu pela sua bondade.
É isso que nós vemos a norte e a sul, junto das autoridades, no estrangeiro, em Paris, em Cinfães – terra de que ele tanto gostava -, em Tendais.
É alguém que inspirava sempre bondade. Sempre, sempre, sempre. E quando as suas decisões não eram de bondade, por vezes, era porque não vinham do seu coração, mas das circunstâncias.
Ele estava a explodir de alegria no sábado à noite quando nos reunimos no paço do Porto, depois de tudo o que aconteceu, e hoje de manhã... a Nossa Senhora de Fátima gostou tanto, os pastorinhos gostaram tanto, Deus gostou tanto, que decidiu chamá-lo à sua presença. É a bondade que ecoa nos nossos corações.
Em Fátima, no fim da celebração, disse assim: 'Consagro-te, ó Mãe do Senhor, juntamente com os meus irmãos bispos desta amada igreja do Porto. Fomos chamados a servir com coração de pastores ao jeito do coração de Cristo'.
E foi este coração humano que não foi capaz de aguentar a pressão do seu coração de bom pastor.
D. António Francisco tinha verdadeiramente um coração de bom pastor. E o coração de bom pastor rebenta com o coração humano, que quer ser outra coisa.
A humanidade não foi capaz de aguentar tanta bondade, tanta santidade. É esse o testemunho que levamos no nosso coração deste amado bispo do Porto, como ele dizia em relação à 'amada' diocese do Porto.
Eu não tenho ilusões sobre como vai ser recordado. O que eu sei e ouvi do senhor D. António Francisco, como ele dizia muitas vezes: os mortos não habitam no cemitério, habitam no coração agradecido dos vivos. Eu tenho a certeza que este bom pastor da Igreja portucalense habitará muitos bons anos no coração agradecido de tantos portuenses, de tantos portugueses, de tantos e tantos do mundo inteiro que tiveram a honra de privar com ele".
A partir de um depoimento oral do padre Américo Aguiar, presidente do Grupo Renascença Multimédia e director do Secretariado Nacional das Comunicações Sociais