24 set, 2017 - 16:28
O Cardeal Patriarca deixa uma “palavra de muito reconhecimento e veneração pela figura, pelo pastor que foi D. Manuel Martins como padre, como bispo de Setúbal, depois como bispo emérito”.
D. Manuel Clemente lembra que D. Manuel Martins foi “uma companhia certa, segura, com uma palavra sempre muito oportuna e um grande estímulo para nós todos, na sociedade portuguesa e na Igreja, de alerta para as necessidades e para estarmos constantemente onde precisamos de estar”.
“Para todos nós foi um estímulo e um alerta para aquilo que devemos ser como sociedade e como igreja. Estamos todos muito agradecidos à figura, à pessoa ao protagonismo evangélico e pastoral de D. Manuel Martins”, acrescentou.
D. Jorge Ortiga recorda D. Manuel Martins como um “homem de coragem e causas”. Ouvido pela Renascença, o arcebispo primaz de Braga fala do bispo emérito de Setúbal como uma voz de denúncia.
“Trata-se de um homem apaixonado pelas causas da humanidade, sobretudo pela dignidade dos mais desfavorecidos. É uma voz profética, profética de anúncio corajoso e profética também na denúncia de determinadas situações. Era uma pessoa muito próxima, próxima dos amigos e próxima também das causas que implicavam esta ousadia e esta coragem de alguém que tinha voz e queria dar voz a quem não tinha força para a ter”, disse.
Segundo D. Jorge Ortiga, “é uma grande perda para a Igreja e também para a sociedade”.
Já D. José Ornelas considera que D. Manuel Martins era um “homem providencial não só no quadro da diocese de Setúbal, mas para o nosso país e para a nossa igreja. Um homem que soube acompanhar os tempos. Foi certamente homem de Deus para os tempos que nós vivemos, nesta grande viragem que vem desde o início da nossa democracia e da consolidação a nível nacional, mas particularmente a nível de um perfil de igreja que ele soube semear nesta península de Setúbal, nesta igreja jovem mas cheia de vida que a ele muito deve”, disse o actual bispo de Setúbal.
Também ouvido pela Renascença, D. Joaquim Mendes, bispo auxiliar de Lisboa, lembra D. Manuel Martins como “um bispo próximo, próximo à realidade do povo da sua diocese que na altura se debatia com uma situação de precariedade e de pobreza”.
“D. Manuel Martins foi um defensor dos direitos dos trabalhadores e dos mais pobres e por isso entrou no seu coração. Era um bispo das causas sociais, um bispo da caridade cristã, um bispo respeitado e escutado por todos, crentes e não crentes”.
D. Manuel Martins, primeiro bispo de Setúbal, faleceu este domingo aos 90 anos de idade, anunciou a diocese. O prelado faleceu na Maia, diocese do Porto, em casa de familiares.
D. Manuel Martins Um homem que cresceu com a rádio
A história da rádio conta-se por quem a viu nascer e transformar-se. D. Manuel Martins tinha 10 anos aquando da fundação da Emissora Católica. Testemunha da rádio em Portugal, o bispo emérito de Setúbal abriu a janela da memória em 2012, quando a Renascença comemorava 75 anos, para fixar os momentos em que aquela que já foi considerada a maior invenção de todos os tempos esteve presente na sua vida.