01 out, 2017 - 10:18 • Redacção, com agência Ecclesia
O Papa Francisco disse, este domingo, que "a corrupção é o caruncho da política", defendendo o relançamento da "boa política", independente e idónea.
"A corrupção é o caruncho da vocação política, não deixa crescer a civilização", disse Francisco, em Cesena. “A política pareceu, nestes anos, ter-se retirado, por vezes, diante da agressividade e da penetração de outras formas de poder, como a financeira e a mediática”, lamentou em Cesena, a primeira cidade que visita num roteiro dominical que o levará também a Bolonha.
O Papa recuou à origem para lembrar que a Doutrina Social da Igreja considera a política "uma forma nobre de caridade" e convidou os "jovens e menos jovens" a interessarem-se mais e participarem na acção política.
"Este é o rosto autêntico da política e a sua razão de ser: um serviço inestimável para o bem de toda a colectividade. É por este motivo que a Doutrina Social da Igreja a considera uma forma nobel de caridade. Por isso, convido os jovens e menos jovens a prepararem-se adequadamente e a empenharem-se pessoalmente neste campo, assumindo, desde o início, a perspectiva do bem comum e rejeitando todo o tipo de corrupção."
Francisco tem previstos encontros com desempregados, pobres e refugiados, entre outros, e vai almoçar com um grupo de pobres, refugiados e presos na Basílica de São Petrónio, em Bolonha.
À chegada a Cesena, o Papa sublinhou a necessidade da “boa política”, que não serve para responder a “ambições pessoais” ou a “centros de interesse, mas que seja “amiga e colaboradora”.
“Este é o rosto verdadeiro da política e a sua razão de ser: um serviço inestimável ao bem de toda a comunidade”, acrescentou.
Na Catedral de Cesena, a intervenção de Francisco foi centrada na comunidade católica local, com um apelo à união de esforços em favor da evangelização, com “fraternidade e unidade”.
O Papa evocou as “chagas de Jesus”, que continuam visíveis nos homens e mulheres que “vivem nas margens da sociedade, também as crianças”, marcadas pelo “sofrimento, o abandono, a pobreza”.
A intervenção recordou que há 400 anos, São Vicente de Paulo começava em França uma “revolução da caridade”, convidando os católicos a ir ao encontro do “mar aberto da pobreza” actual.
Francisco apelou ainda a uma “revolução da ternura”, insistindo depois da necessidade do diálogo entre jovens e idosos e de valorizar o papel das famílias na Igreja.
Já esta tarde, o Papa esteve na Universidade de Bolonha onde referiu que “o saber colocado ao serviço da melhor oferta, que alimenta divisões e justifica opressões, não é cultura. Cultura - como diz a palavra - é o que cultiva, que faz crescer o humano. E diante de tantos lamentos e clamores que hoje nos rodeiam, não precisamos de quem desabafa aos berros, mas de quem promove boa cultura. Servem-nos palavras que toquem as mentes e disponham os corações, não gritos ou murros no estômago”
Francisco fez uma reflexão com base em três direitos: o direito à cultura, o direito à esperança e o direito à paz
O Papa acrescentou que sonha “com uma Europa ‘universitária e madre’ respeitadora da sua cultura, que incuta esperança aos seus filhos e seja instrumento de paz para o mundo