03 out, 2017 - 15:00 • Filipe d'Avillez
Um total de 43 países no mundo tem religião oficial e, destes, a maioria é de muçulmanos: o Islão é a religião oficial de 27 países.
Já o Cristianismo é a religião oficial de 13 países, incluindo nove na Europa, segundo um estudo levado a cabo pela Pew Research Center e divulgado esta terça-feira.
Dos restantes países que têm religião oficial, dois - Camboja e Butão - adoptam o budismo e um, Israel, o judaísmo.
As conclusões deste estudo baseiam-se nas leis oficiais de cada país, mas a Pew Research Center tem ainda uma categoria intermédia, na qual agrupa os países que, não tendo uma religião oficial, ainda assim dão tratamento privilegiado a uma ou mais confissões. O lote de exemplos inclui a Rússia, onde a Igreja Ortodoxa Russa tem privilégios em relação outros credos.
Uma dezena dos Estados apresentados neste documento são classificados como hostis para com qualquer religião. Todos esses Estados são oficialmente comunistas ou então repúblicas ex-soviéticas. A Coreia do Norte está na lista, juntamente com a China, Cuba e Vietname. Ao lote juntam-se Azerbaijão, Cazaquistão, Quirguistão, Tajiquistão, Turquemenistão e Uzbequistão.
Por fim, a vasta maioria dos Estados, incluindo Portugal, constam da lista dos países que, segundo a Pew Research Center, não têm religião oficial nem favorecem de forma particular qualquer religião. Há 106 países nesta categoria.
A maioria dos países cuja religião oficial é o Islão encontram-se no Médio Oriente e no Norte de África. As únicas excepções no Médio Oriente são Israel, naturalmente, o Líbano e a Síria. Alguns países asiáticos também professam oficialmente o Islão, incluindo o Paquistão e a Malásia, bem como alguns países de África subsaariana: o Djibouti, a Mauritânia e a Somália. As Maldivas, no Índico, também têm o Islão como religião de Estado.
Já a maioria dos 13 países oficialmente cristãos encontra-se na Europa. Dos nove países europeus nesta categoria a maioria são Estados protestantes do Norte, como a Dinamarca, a Islândia, a Noruega e o Reino Unido. Os únicos católicos são Malta, o Liechtenstein e o Mónaco.
Embora o Vaticano tenha estatuto de Estado independente e tenha como religião oficial o catolicismo, não foi considerado para efeitos desta análise. A Grécia e a Arménia, cristãos ortodoxos, completam a lista. Fora da Europa, a Costa Rica e a República Dominicana, na América, a Zâmbia, em África, e Tuvalu, no Pacífico, são oficialmente cristãos.
Cristianismo o mais “preferido”
Se o Islão tem vantagem no que diz respeito a países com religião oficial, o caso muda de figura quando a Pew elenca os países que tratam de forma privilegiada alguma fé. Aí é o cristianismo que fica em vantagem, com 28 países num total de 40. Há três – Sudão, Síria e Turquia – que não sendo oficialmente muçulmanos dão preferência ao islão, quatro que o fazem com o budismo e cinco que dão preferência a mais do que uma religião.
Nesta categoria de Estados que dão preferência a uma religião encontram-se dois países de língua oficial portuguesa, Angola e Cabo Verde, que favorecem o Cristianismo, e está também Espanha e Itália. Todos os outros países lusófonos estão na lista de países sem religião oficial e que não dão preferência a qualquer fé.
Segundo a Pew Research Center, ter uma religião oficial não significa a mesma coisa em todas as situações. Se nos países europeus, e cristãos em geral, o estatuto é em larga medida cerimonial, havendo liberdade para praticantes de outras religiões ou nenhuma, em alguns países muçulmanos o Islão é incontornável. Na Arábia Saudita, nos Comoros, na Mauritânia e nas Maldivas, por exemplo, todos os cidadãos do país devem ser muçulmanos e em vários outros países os detentores de cargos públicos têm de professar essa religião. Contudo, em praticamente todos os países com religião oficial verifica-se que o Estado financia de alguma forma o credo dominante.
A Pew Research Center é um organização apartidária que se dedica à análise demográfica e de opinião numa variedade de áreas, incluindo a religião no espaço público. Este estudo contou com financiamento da Templeton Global Religious Futures Project, que analisa as alterações religiosas e o seu impacto nas sociedades mundiais.
[Notícia corrigida às 13h50 de 6/10]