O desafio do digital em debate no congresso da Associação de Imprensa Cristã

Com o tema “A meio da ponte rumo ao futuro”, o 10.º congresso da Associação de Imprensa de Inspiração Cristã (AIIC) assinala os 25 anos de existência sob o signo da mudança.

Durante os próximos três dias, no Convento dos Capuchos, em Almada, um dos temas em análise será o papel "versus" digital.

A imprensa tem vivido “momentos difíceis, momentos complicados. E um dos motivos é que hoje temos o digital, uma das plataformas que, de algum modo, faz concorrência ao papel”, admite o presidente desta associação.

O padre Elísio Assunção considera que “é mais fácil ler as notícias lidas nestes suportes novos, são notícias muito curtas, muito leves, lê-se facilmente e a pessoa já se julga informada. E, portanto, o papel está a perder terreno”.

Por isso, defende que “chegou o tempo de fazer uma mudança. Estamos de um lado com esta nossa história do passado, uma história rica, uma história gloriosa de um serviço prestado ao povo, às populações onde os jornais se inserem. E, por outro lado, estamos com estes desafios novos, da tecnologia, da modernidade”.

É preciso “caminhar no sentido da mudança para continuarmos a ser fiéis à missão que temos de comunicar a mensagem inspirada e iluminada pela luz do Evangelho”, afirma.

Este é “um grande desafio, que não é fácil, porque há que mudar mentalidades, entrar neste campo novo. Mas é essa coragem que nós queremos ter, é esse desafio que nós queremos enfrentar, tal e qual como há 100 anos os fundadores e os directores destes jornais centenários enfrentaram com a mesma coragem, com o mesmo entusiasmo, com o mesmo sentido de missão os seus desafios”.

O padre Elísio Assunção deixa no ar algumas questões como: “que sentido faz hoje continuarmos a imprimir jornais, que sentido faz abandonarmos os jornais e irmos para o digital, o digital e o papel podem ou não ser parceiros, o que é que nos é pedido para continuarmos a nossa missão?”

Actualmente há cerca de duas centenas de publicações regionais de inspiração cristã. Em tempos idos chegaram a ser 600. A explicação para esta diminuição prende-se com vários motivos, nomeadamente, “a crise económica e a dificuldade de ler o papel”.