12 nov, 2017 - 15:59 • Paula Costa Dias
A Cáritas Portuguesa decidiu criar um grupo de trabalho para responder a situações de emergência. O objectivo é “estarmos devidamente preparados para qualquer tipo de emergência e calamidade natural”, por exemplo, com “kits de sobrevivência imediata, devidamente preparados e guardados, para serem logo utilizados”.
Isto, explica o presidente da instituição, para evitar “cairmos naquela situação que tem sido uma evidência nos últimos incêndios em que cada um começa a levar coisas conforme a sua sensibilidade,” o que leva a que sejam “em excesso determinados bens e depois careçam outros”.
Os “kits” são destinados, não só aos elementos da Cáritas, mas também às vítimas. A instituição vai basear-se no Plano de Intervenção e Emergência que a Cáritas Internacional já tem e não irá interferir com “aquilo que compete aos bombeiros nem à Cruz Vermelha”, garante Eugénio da Fonseca, pois tem “de estar sempre numa lógica de complementaridade” com os outros para “não nos empatarmos e em vez de ajudarmos, desajudarmos”.
O grupo de trabalho vai ser constituído por seis dioceses e elaborar um Plano Estratégico e um Plano de Acção para que, “qualquer que seja a situação de emergência, a Cáritas esteja capacitada para agir logo, em articulação com os demais serviços e a Protecção Civil”.
Segue-se, depois, a formação dos elementos da Cáritas, sobretudo na parte operativa, dado que os conceitos já foram transmitidos no âmbito da formação que a instituição tem vindo a proporcionar.
O grupo é coordenado por Duarte Caldeira e espera-se que, antes da próxima época de incêndios, os elementos da Cáritas já tenham recebido toda a formação necessária para agir em qualquer situação de emergência.
Eugénio da Fonseca gostaria que o grupo investisse depois na formação da população, fazendo “simulacros nos centros sociais paroquiais e nas igrejas”, para que as pessoas “soubessem o que, em determinada circunstância, deveriam fazer para que não se instale o pânico.”
Em termos de reconstrução das casas afectadas pelos incêndios, a instituição ficou com a responsabilidade de reerguer 36. Segundo Eugénio da Fonseca, 21 são para construir de raiz, prevendo-se que “dentro de poucos dias” comecem as obras. Quanto às restantes, “são de reconstrução parcial” e estão quase prontas.
Mas Eugénio da Fonseca está agora preocupado com o “pós-casa nova.” O presidente da Cáritas Portuguesa questiona: “Quando estiverem lá em casa e vier a lembrança do pai do qual já não têm fotografia pois ardeu no incêndio, do seu casamento cujo álbum também ardeu, quem vai ajudar?”
Salientando que os psicólogos não estarão disponíveis 24horas por dia, Eugénio da Fonseca pede que seja criada “uma rede informal de vizinhança que pode passar pelo farmacêutico e pelo dono da mercearia que, percebendo no olhar e na conversa que aquela pessoa precisa de ajuda, chame alguém, sem pôr em causa a sua privacidade”.