27 nov, 2017 - 07:13
O Papa já aterrou em Rangum, capital da Myanmar. É o início de uma delicada visita a um país budista onde apenas 1,2% da população é cristã. Francisco é o primeiro pontífice a visitar o país e esta é a sua 21ª viagem internacional.
Depois de aterrar, Francisco entrou num carro azul escuro (discreto, como gosta) e não tem muitos pontos de agenda para esta segunda-feira, estando apenas previstas saudações aos bispos.
Ao jornal “Osservatore Romano”, o arcebispo de Rangum, Charles Bo, reconhecia que, há um ano, não imaginava que uma Igreja tão pequenina (com pouco mais de meio milhão de fiéis católicos) poderia receber a visita do Papa.
Mas Francisco é conhecido como “o Papa das periferias”. Desde o início do Pontificado que tem defendido que o lugar dos bispos é junto das “periferias existenciais”, onde há sofrimento e solidão.
Depois de mais de 10 horas de voo, o Papa foi recebido no aeroporto por um ministro-delegado do presidente, juntamente com todos os bispos da Conferência Episcopal.
Várias crianças das paróquias da cidade e dos arredores ofereceram flores.
A cerimónia oficial de boas-vindas está marcada para esta terça-feira, no palácio presidencial, em Nay Pyi Taw.
Mynamar é governado por um regime militar que só autorizou a entrada aos jornalistas acreditados pelo Vaticano e não aceitou qualquer tipo de transmissão em directo dos encontros mais significativos relacionados com as autoridades e os líderes budistas.
O país foi ainda acusado pelos Estados Unidos de “limpeza étnica” da minoria muçulmana rohingya e a própria ONU apontou o dedo à Nobel da Paz Aung San Suu Kyi de nada fazer para proteger aquela comunidade.
No tradicional telegrama enviado ao Presidente da Itália, quando deixou o país, o Papa referiu que partia como “peregrino da paz, para encorajar as pequenas mas fervorosas comunidade católicas e encontrar-se com os crentes de várias religiões”.
Rangum tem uma diferença horária de mais 5h30 do que Roma (mais 6h30 que em Lisboa).
Em Myanmar, 91% da população é budista e 1,2% católica (perto de 700 mil pessoas, de um total de 51 milhões). Milhares deslocaram-se de comboio ou autocarro para a capital para poderem ver o Papa.
Francisco vai ainda visitar o Bangladesh, para fugiram perto de 620 mil pessoas da comunidade rohingya, segundo números da Amnistia Internacional, que acusa as autoridades de Myanmar de “crimes contra a humanidade” como homicídio, violação e tortura.
O Exército recusa todas as acusações.
A Renascença com o Papa em Myanmar e no Bangladesh. Apoio: Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.