02 dez, 2017 - 10:01 • Aura Miguel , Filipe d'Avillez
O último dia do Papa no Bangladesh começou bem cedo, com uma visita à “Casa Madre Teresa” uma das primeiras fundadas pela santa missionária mais famosa do mundo. É uma casa que dá apoio a milhares de órfãos e pessoas com deficiência física e mental. Um lugar de acolhimento, mesmo no coração da zona velha da cidade, e ao lado da Igreja do Santo Rosário, fundada pelos portugueses no século XVI.
Nesta igreja o Papa encontrou-se com sacerdotes, religiosos e consagrados, antes de visitar também o cemitério antigo, onde estão sepultados os primeiros missionários que vieram de Portugal para estas terras – uma herança que a Igreja do Bangladesh continua a valorizar, ao ponto de convidarem o Papa a visitar este cemitério.
Ao início da tarde, Francisco foi a um campus universitário para um encontro com jovens. À semelhança do que fez em Myanmar, o Papa encerra assim esta viagem com chave de ouro, com uma aposta clara nas futuras gerações do Bangladesh.
No encontro com os jovens Francisco começou por ouvir dois testemunhos de jovens bangladeshianos e depois falou-lhes sobre a importância de terem objectivos de vida, recorrendo a exemplos das novas tecnologias.
“Os jovens estão sempre prontos para avançar, fazer com que as coisas aconteçam e correr riscos. Encorajo-vos a avançar com este entusiasmo nas circunstâncias boas e nas más. Avançar, especialmente nos momentos em que vos sentis oprimidos pelos problemas e pela tristeza e, olhando para fora, parece que Deus não Se faz ver no horizonte. Mas, ao avançar, certificai-vos de escolher o caminho certo. Que significa isto? Significa saber viajar na vida, não vaguear sem rumo”, disse o Papa.
“A nossa não é vida sem direção; tem um objetivo, que nos foi dado por Deus. Ele guia-nos, orientando-nos com a sua graça. É como se tivesse colocado dentro de nós um software, que nos ajuda a discernir o seu programa divino e a responder-lhe livremente. Mas, como qualquer software, também este precisa de ser constantemente atualizado. Mantende atualizado o vosso programa, prestando ouvidos ao Senhor e aceitando o desafio de fazer a sua vontade.”
De seguida, numa sociedade de esmagadora maioria muçulmana, mas com muitas comunidades de outras religiões, Francisco apelou à importância de as religiões estarem abertas ao diálogo. “Quando um povo, uma religião ou uma sociedade se tornam um ‘pequeno mundo’, perdem o melhor que têm e precipitam numa mentalidade presunçosa, que faz dizer ‘eu sou bom, tu és mau’. A sabedoria de Deus abre-nos aos outros. Ajuda-nos a olhar para além das nossas comodidades pessoais e das falsas seguranças que nos deixam cegos perante os grandes ideais que tornam a vida mais bela e digna de ser vivida.”
Como forma de manter o rumo, Francisco sugeriu aos jovens que mantenham os olhos postos nas gerações mais velhas. “Através das suas palavras, do seu amor, do seu carinho e da sua presença, compreendemos que a história não começou connosco, mas somos parte de um antigo «viajar» e que a realidade é maior do que nós. Falai com os vossos pais e avós, não passeis o dia inteiro com o telemóvel, ignorando o mundo ao vosso redor!”
Francisco regressa agora a Roma, após vários dias de viagem que o levaram primeiro ao Myanmar e depois ao Bangladesh.
A Renascença com o Papa em Myanmar e no Bangladesh.
Apoio: Santa Casa da Misericórdia de Lisboa