17 jan, 2018 - 21:02 • Aura Miguel , Filipe d'Avillez
O Papa Francisco recorreu esta quarta-feira à metáfora do acesso à internet para descrever a relação dos jovens com a fé.
Num encontro com jovens, na capital do Chile, Francisco recordou uma conversa que teve com um jovem que lhe admitiu que o que o deixava de mau humor era ficar sem bateria no telemóvel, ou sem acesso à internet.
“Isto fez-me pensar que nos pode acontecer o mesmo com a fé”, disse o Papa.
“Depois de um primeiro tempo de caminhada e de impulso inicial, há momentos em que, sem nos darmos conta, começa a reduzir-se a nossa ‘largura de banda’ e pouco a pouco vamos ficando sem conexão com Jesus, sem bateria, e então apodera-se de nós o mau humor, sentimo-nos tristes, sem força, e começamos a ver tudo negativo. Quando ficamos sem esta ‘conexão’, que dá vida aos nossos sonhos, o coração começa a perder força, a ficar também ele sem bateria”, disse.
Nestas situações as pessoas podem perder a força de vontade para contribuir para a Igreja e para a sociedade, mas esses pensamentos são do demónio, diz Francisco, citando um santo chileno. “Nunca penses que não tens nada para dar, ou que não precisas de ninguém. Nunca. Este pensamento, como gostava de dizer Hurtado, ‘é o conselho do diabo’, que quer fazer-te crer que não vales nada, para que nada mude. E os jovens são essenciais para que as coisas mudem. Somos todos necessários e importantes, todos temos algo para dar.”
"Que faria Cristo no meu lugar?"
Voltando a citar o santo Alberto Hurtado, Francisco revelou então a “palavra-chave” para a banda-larga de Jesus. “‘Que faria Cristo no meu lugar?’ Na escola, na universidade, pela estrada, em casa, com os amigos, no trabalho; face àqueles que fazem bullying: ‘Que faria Cristo no meu lugar?’. Quando saís para dançar, quando fazeis desporto ou ides ao estádio: ‘Que faria Cristo no meu lugar?’. É a palavra-chave, a carga de bateria para acender o nosso coração, acender a fé e a centelha nos nossos olhos. Isto é ser protagonistas da história.”
A brincar, o Papa pediu mesmo aos jovens que gravem esta “password” nos seus telemóveis, mas depois disse que na verdade “A única maneira de não se esquecer da palavra-chave é usá-la. Todos os dias".
"Chegará o momento em que a sabereis de memória, e virá o dia em que, sem vos dardes conta, o vosso coração palpitará como o de Jesus. Porque não basta ouvir algum ensinamento religioso ou aprender uma doutrina; aquilo que queremos é viver como Jesus viveu”, referiu.
O Papa também falou do encontro com jovens que terá lugar entre 19 e 24 de Março, em Roma, e que antecede o Sínodo deste ano.
Francisco diz que a Igreja precisa de saber o que pensam e sentem os jovens, sem filtros. Por isso, convocou o encontro com jovens crentes e não crentes.
"Ajudem-nos a estar mais perto de Jesus", pediu o Papa Francisco aos milhares de jovens chilenos.
Depois deste encontro com os jovens, Francisco visita a Universidade Católica do Chile, terminando assim o seu segundo dia completo naquele país. Quinta-feira o Papa vai a Iquique e depois parte do Chile rumo ao Peru, onde permanece alguns dias antes de regressar a Roma.
Renascença no Chile e Peru com o Papa Francisco. Apoio: Santa Casa da Misericórdia de Lisboa