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"É tudo calúnia". Papa defende bispo suspeito de ter encoberto abusos sexuais

19 jan, 2018 - 16:11

Francisco diz que até agora não foi apresentada qualquer prova contra bispo chileno.

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O Papa Francisco deixou o Chile na quinta-feira à noite, mas deixou para trás uma polémica que continua a dar que falar.

A estadia do Papa naquele país foi marcada por vários protestos e manifestações, algumas delas motivadas pela nomeação recente de Juan Barros para bispo de Osorno.

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O bispo é próximo de um sacerdote, Fernando Karadima, que foi, entretanto, acusado e condenado por abuso sexual de menores. Os críticos de Barros dizem que o agora bispo sabia das actividades do padre, mas nada fez para os impedir, encobrindo-o. Barros nega qualquer conhecimento dos abusos.

Questionado na quinta-feira por jornalistas, o Papa disse que não existem provas de que Barros soubesse dos abusos praticados por Karadima, e que o que foi dito até agora não passa de "calúnia".

“No dia em que me apresentarem provas contra o bispo Barros, eu falarei. Não há qualquer prova contra ele. É tudo calúnia. Isso é claro?”, respondeu o Papa.

A resposta não agradou a muitos chilenos, em particular às vítimas de Karadima, que insistem que Barros estava a par dos abusos que o seu mentor cometia contra eles.

Juan Carlos Cruz, um dos mais activos críticos de Barros, recorreu ao Twitter para lamentar as palavras de Francisco. “Como se eu pudesse ter tirado uma 'selfie' ou uma fotografia enquanto Karadima me abusava e outros, incluindo Juan Barros, observavam. Esta gente é louca, e o Papa fala de expiação para com as vítimas. Nada mudou, e os seus apelos ao perdão são vazios”.

A visita do Papa ao Chile incluiu um encontro privado com várias vítimas de abusos sexuais praticados por membros da Igreja. Francisco disse que escutou, chorou e rezou com elas.

O Papa partiu, entretanto, para o Peru, onde se encontra e permanecerá até domingo à noite.

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Comentários
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  • MASQUEGRACINHA
    22 jan, 2018 TERRADOMEIO 18:10
    Ainda que calúnia seja, há uma coisa que compreendo mal: para quê a nomeação de um bispo, no mínimo, polémico? Não há mais ninguém? Ou não haverá espírito de renúncia e sacrifício, de dar a outra face, suficientes? Não se percebe o empenho, quase obstinação, em tal nomeação, dadas as circunstâncias. Se acredita, de facto, na inocência do bispo, o papa deve dizê-lo - mas não impô-lo a vítimas convictas do contrário, só porque pode e quem manda é ele. Isso é atitude de leão infalível e não de cordeiro pacificador. E o caso é demasiado grave, convenhamos, para que gente tão injustiçada se sensibilize com a possibilidade de injustiçar o novel bispo. Que, aliás, se não sabia das javardices, devia de saber, não é? Que a inocência cega, sobretudo em certos cargos, também é muito prejudicial. Inocente ou culpado, que bispo virá a ser?
  • antonio
    19 jan, 2018 LISBOA 16:54
    nada de novo, apenas a igreja a encobrir crimes de pedófilos...
  • A.COELHINHO
    19 jan, 2018 matosinhos 16:27
    Aí está o branqueamento. O papa show mais um vez no seu melhor

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