​Papa repudia “fake news” e apela a um jornalismo de paz

O Papa Francisco dedica a mensagem para o Dia das Comunicações Sociais às “fake news” (notícias falsas). O Vaticano divulgou esta quarta-feira o conteúdo da mensagem para a data que se assinala, este ano, a 13 de Maio.

“Hoje, no contexto duma comunicação cada vez mais rápida e dentro dum sistema digital, assistimos ao fenómeno das notícias falsas, as chamadas ‘fake news’”, lê-se na mensagem intitulada “A verdade vos tornará livres”.

Francisco diz que pretende, com a mensagem deste ano, “contribuir para o esforço comum de prevenir a difusão das notícias falsas e para redescobrir o valor da profissão jornalística e a responsabilidade pessoal de cada um na comunicação da verdade”.

Lembrando que as “fake news” se tornam “frequentemente virais”, o Papa diz que “ninguém se pode eximir da responsabilidade de contrastar estas falsidades”. “As notícias falsas revelam a presença de atitudes simultaneamente intolerantes e hipersensíveis, cujo único resultado é o risco de se dilatar a arrogância e o ódio. É a isto que leva, em última análise, à falsidade”, escreve ainda Francisco, para quem “nenhuma desinformação é inofensiva”, e que muitas vezes a divulgação das “fake news” poder “visar objectivos prefixados, influenciar opiniões políticas e favorecer lucros económicos”.

Para o Papa, “a paz é a verdadeira notícia”, termina por isso a mensagem apelando a um “jornalismo de paz”. Não se trata de “um jornalismo ‘bonzinho’", diz Francisco, mas “um jornalismo sem fingimentos, hostil às falsidades, a slogans sensacionais e a declarações bombásticas”, feito “por pessoas para as pessoas e considerado como serviço a todas as pessoas, especialmente àquelas – e no mundo, são a maioria – que não têm voz”.

“Um jornalismo que não se limite a queimar notícias, mas se comprometa na busca das causas reais dos conflitos, para favorecer a sua compreensão das raízes e a sua superação através do aviamento de processos virtuosos; um jornalismo empenhado a indicar soluções alternativas à escalada do clamor e da violência verbal”, acrescenta ainda o Papa Francisco.

O Dia das Comunicações Sociais, que este ano será assinalado dia 13 de Maio (domingo antes do Pentecostes), foi criado pelo Concílio Vaticano II, no decreto "Inter Mirifica", em 1963. A mensagem para este dia é sempre divulgada a 24 de Janeiro, festa litúrgica de São Francisco de Sales, que é o padroeiro dos jornalistas.

Esta quinta-feira o Secretariado Nacional das Comunicações Sociais vai promover um debate sobre o tema escolhido pelo Papa para a mensagem deste ano. Vai decorrer decorrer no auditório da Renascença, entre as 17h30 e as 19h00, com os jornalistas Begoña Iñiguez, Teresa Canto Noronha, Olivier Bonamici, e Vitor Bandarra, com moderação de Ricardo Conceição. O objectivo é analisar as notícias falsas e a sua “intromissão no ambiente informativo.