17 fev, 2018 - 14:59
Papa Francisco anunciou que Paulo VI (1897-1978) vai ser canonizado ainda em 2018, falando durante um encontro com o clero da Diocese de Roma. “Paulo VI será santo este ano”, disse, numa intervenção divulgada hoje, na íntegra, pela Sala de Imprensa da Santa Sé.
Paulo VI, o pontífice que liderou a Igreja Católica entre 1963 e 1978, período em que encerrou o Concílio Vaticano II, foi beatificado pelo Papa Francisco a 19 de outubro de 2014.
O discurso do Papa Francisco ao clero da Diocese de Roma, durante um encontro na Basílica de São João de Latrão, pode ser consultado na página do Vaticano.
O futuro santo Paulo VI foi o primeiro Papa a fazer viagens internacionais, entre as quais uma visita a Fátima, a 13 de maio de 1967.
A biografia divulgada pelo Vaticano aquando da beatificação referia que Paulo VI “sofreu muito por causa das crises que afetaram repetidamente o corpo da Igreja”, durante a sua vida, tendo respondido com “uma corajosa transmissão da fé, garantindo a solidez doutrinal num período de mudanças ideológicas”.
“Manifestou uma grande capacidade de mediação em todos os campos, foi prudente nas decisões, tenaz na afirmação dos princípios, compreensivo com as fraquezas humanas”, acrescentava o texto.
A data e local para a cerimónia de canonização vão ser decididos num próximo consistório (reunião de cardeais), no Vaticano. O milagre necessário para a canonização terá sido a cura de uma bebé, ainda no ventre da sua mãe.
O semanário da Diocese de Bréscia, ‘La Voce del Popolo’, explica que a grávida, da província de Verona, corria o risco de abortar devido a uma patologia que comprometia a vida da criança e da mãe.
A mulher peregrinou ao Santuário delle Grazie, na terra natal de Paulo VI, e a menina nasceu a 25 de dezembro de 2014, em boas condições de saúde e sem qualquer explicação médica para a sua cura.
O milagre que permitiu a beatificação, em 2010, também tinha sido a cura de um feto gravemente doente, ocorrida em 2001 nos Estados Unidos da América.
Giovanni Battista Montini nasceu em Concesio, Bréscia, na região italiana da Lombardia, e foi ordenado padre ainda antes de completar 23 anos, em 1920, tendo feito doutoramentos em filosofia, direito civil e direito canónico.
Como padre, esteve ao serviço diplomático da Santa Sé e da pastoral universitária italiana, tendo vivido a II Guerra Mundial no Vaticano, onde se ocupou da ajuda aos refugiados e aos judeus.
Após o conflito, colaborou na fundação da Associação Católica de Trabalhadores Italianos, antes de ser nomeado arcebispo de Milão, em 1954; São João XXIII criou-o cardeal em 1958 e participou nos trabalhos preparatórios do Concílio Vaticano II.
A 21 de junho de 1963, foi eleito Papa, escolhendo o nome de Paulo VI, e concluiu os trabalhos do Concílio “entre várias dificuldades, estimulando a abertura da Igreja ao mundo e o respeito pela tradição”.
O futuro santo escreveu sete encíclicas, entre as quais a ‘Humanae vitae’ (1968), sobre a regulação da natalidade, e a ‘Populorum progressio’ (1967), sobre o desenvolvimento dos povos, tendo instituído o Sínodo dos Bispos e o Dia Mundial da Paz.