26 mar, 2018 - 07:42 • Ângela Roque
Existem cristãos que, em pleno século XXI, continuam a ser perseguidos um pouco por todo o mundo por causa da sua fé.
Todas as semanas a Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) publica no jornal ‘Voz da Verdade’, do Patriarcado de Lisboa, histórias de vida de muitos dos que continuam a ser perseguidos em vários países, só por serem cristãos. Ao celebrar 70 anos de existência, a Fundação AIS pensou reuni-las em livro.
“É uma coletânea de 70 histórias, mas poderiam ser muitas mais. Como eu digo na introdução, poderiam ser 70 x 7, infelizmente é um número infinito”, diz à Renascença o autor, o jornalista Paulo Aido, que sublinha o facto de nenhuma delas ser ficção: “todas estas pessoas têm um rosto, uma identificação, e é real. Se quisermos, todos eles têm um BI, são pessoas concretas, que existem nos vários países” onde a AIS marca presença, ajudando as comunidades cristãs.
“Aqui estão histórias da Nigéria, do Paquistão, do Iraque, da Síria, do Chade, da República Centro Africana, todos os países onde há mais histórias de perseguição aos cristãos atualmente”, diz , lembrando que a realidade é “muito complexa, muito dura mesmo” em muitos locais, onde ser-se cristão “implica ter uma dose de coragem, às vezes até física, que é impressionante”. Por isso este livro “é também um agradecimento, um louvor a todas estas pessoas, porque são um exemplo para todos nós.
Paulo Aido não quer destacar nenhuma das histórias em particular. “Escolho-as a todas, porque todas me perturbaram quando as escrevi, porque são todas efetivamente comoventes, e revelam pessoas com uma coragem e uma capacidade de perdoar absolutamente extraordinárias, que só a fé pode justificar”.
E lembra uma das suas frases preferidas do fundador da AIS: “o padre Werenfried dizia 'os cristãos perseguidos são a elite da Igreja', e eu acho que está tudo traduzido nesta expressão. Estes cristãos são a elite da Igreja, os melhores dos melhores, a seleção, porque são aqueles que quando colocados perante uma situação difícil, não renunciaram, não renegaram, não fugiram. Mesmo quando foram presos, torturados ou morto, só por serem cristãos”. E dá o exemplo do Egipto, onde apesar do risco de vida que correm, os cristãos mantêm “o hábito ancestral de tatuarem uma cruz no pulso, o que é um exemplo de coragem extraordinário”.
Estes testemunhos foram recolhidos pela própria AIS nos locais onde é, muitas vezes, a única ajuda. “A pobreza extrema é também uma forma de perseguição. Em muitas comunidades estes cristãos são duplamente atingidos, porque estão condenados mal nascem a uma vida de pobreza e exclusão, ainda mais por serem cristãos”.
O livro “A Cruz Escondida – 70 anos, 70 rostos, 70 histórias” pode ser adquirido diretamente na Fundação AIS, por telefone ou através do site. As receitas revertem para os vários projetos que a Ajuda à Igreja que Sofre tem no terreno, alguns beneficiando diretamente os cristãos cujas histórias aqui são contadas.