29 mar, 2018 - 15:09
O Vaticano nega que esteja “iminente” um acordo com a República Popular da China para regularizar o estatuto da Igreja Católica naquele país.
Nos últimos meses têm circulado diversos rumores sobre um eventual acordo entre o Estado comunista e Roma, gerando inclusivamente alguma polémica, mas numa nota divulgada esta quinta-feira pela Sala de Imprensa da Santa Sé é dito claramente que tal acordo não está prestes a ser firmado. Não é negado nem confirmado, contudo, a existência de negociações para que se chegue ao tal acordo.
“Posso afirmar que não está ‘iminente’ a assinatura de um acordo entre a Santa Sé e a República Popular da China”, diz o diretor da Sala de Imprensa, Greg Burke.
“Gostaria de sublinhar que o Santo Padre Francisco permanece em constante contacto com os seus colaboradores em relação aos assuntos chineses e que acompanha os passos do diálogo, que continua”, diz ainda.
Embora os detalhes não tenham sido confirmados, o suposto acordo permitiria um entendimento entre a China e o Vaticano sobre a nomeação de bispos. Atualmente a China rejeita que o Vaticano tenha o direito de nomear os bispos para a China, considerando que se trata de uma ingerência nos assuntos internos do país. Apesar de oficialmente ateu, o regime comunista da China procura regular os assuntos religiosos do país, para a Igreja Católica e não só.
Os padres e bispos chineses são obrigados a estarem inscritos na Associação Patriótica Católica, gerida pelo Partido Comunista. Somente estes são considerados “oficiais” pelo Estado. Contudo, muitos recusam, por fidelidade ao Papa, e são por isso apelidados de “clandestinos”.
No país coexistem, por isso, duas hierarquias, uma oficial e outra clandestina, e duas comunidades paralelas.
O acordo, segundo os detalhes que têm sido divulgados, mas que carecem de confirmação, permitiria o reconhecimento dos bispos “oficiais” que continuam excomungados pelo Vaticano, com o regime a aceitar os que por enquanto considera clandestinos.
A normalização das relações entre o Vaticano e a China é um sonho antigo da Santa Sé. Bento XVI apostou fortemente no diálogo com Pequim e o Papa Francisco tem-no feito também.