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Eutanásia

D. José Alves deixa recado ao Parlamento: “Ninguém é dono da vida”

08 mai, 2018 - 16:13 • Rosário Silva

“Pôr nas mãos do Estado essa possibilidade de dar fim à vida das pessoas, sem mais, bem, eu para mim faço uma aproximação a algo que todos nós condenámos, que existiu no século passado, o chamado Holocausto”, diz o arcebispo de Évora.

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O arcebispo de Évora diz-se “chocado” com a possibilidade de a Assembleia da República legalizar a eutanásia, ao arrepio da Constituição que refere a “vida como bem inalienável” e sem um debate alargado e esclarecedor que chegue a todos os portugueses.

“Suas Excelências os deputados da Assembleia da República (AR), quando foram eleitos não era para aprovar a eutanásia e agora arrogam-se o direito de falar e decidir em nome de 10 milhões de portugueses?”, questiona D. José Alves que falava aos jornalistas, em Évora, à margem da apresentação da mensagem do Papa Francisco para mais um Dia Mundial das Comunicações Sociais.

O prelado considera que a “vida não é referendável”, mas “entre dois males” que se opte “por um menor”.

“Entre decidir dentro das quatro paredes da Assembleia e fazer um referendo, bom, pelo menos um referendo levaria a que as pessoas pudessem discutir o assunto e ser esclarecidas”, defende o arcebispo que comunga da mesma opinião que o presidente da República quanto à necessidade de um debate aprofundado antes de qualquer decisão definitiva.

D. José Alves lembra que “ninguém é dono da vida” e pensar que a decisão de uma “questão tão fundamental” pode ser tomada por grupo circunscrito, remete para tempos que envergonham a História.

“Pôr nas mãos do Estado essa possibilidade de dar fim à vida das pessoas, sem mais, bem, eu para mim faço uma aproximação a algo que todos nós condenámos, que existiu no século passado, o chamado Holocausto”, refere.

Sem recear as palavras, o arcebispo de Évora questiona, ainda: “Então quando as pessoas deixam de ter um valor no sentido económico e produtivo, para a sociedade, deixam de ter direito de viver? Por amor de Deus, não posso concordar com isso”, desabafa.

“A AR é o órgão de onde emanou a Constituição da República”, salienta, esperando-se que “sejam os primeiros a cumprir. Isto choca-me”, confessa, ainda.

No encontro com os jornalistas, o prelado recorda que a Igreja está a fazer o seu papel, esclarecendo as pessoas embora considere que “a questão da eutanásia não é uma questão da igreja”.

“Não é uma questão religiosa, é uma questão humana, vital” apesar da Igreja ter a sua posição. “E a posição é um ‘não’ e eu também - não por ser bispo - entendo que a vida é um bem inalienável e que ninguém pode dispor dele”, conclui D. José Alves.

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  • Vitor
    09 mai, 2018 Cacém 14:02
    Unidos na Luta pela Vida. Agradecemos que divulguem esta vigília contra a eutanásia, por favor. Obrigado. Que Deus vos pague. https://www.facebook.com/events/378139616014512/
  • Anónimo
    09 mai, 2018 01:53
    Muito menos a igreja, senhor arcebispo.
  • G Couto
    08 mai, 2018 Lisboa 19:21
    Chocante é ouvir um alto responsável da Igreja portuguesa dizer que a AR e os deputados não se podem arrogar o direito de... legislar? e confundir a autodeterminação do doente com os crimes do nazismo? - «Holocausto», diz o Sr. arcebispo... Leia o teólogo Hans Kung, por favor, e depois comente. Por fim, se fomos criados livres, somo-lo para as escolhas de cada dia e também para a morte. Foi Cristo que disse que a decência e a dignidade são mais importantes que a vida, sendo melhor que alguém se suicide a fazer algum mal aos mais pequeninos (Mt. 18, 6)...
  • José Barros
    08 mai, 2018 Rebolosa 18:37
    A forma mais fácil de se ser egoísta, é não lutar e nada fazer para ajudar a atenuar a dor do próximo, por isso não me surpreendem estas tendências da sociedade atual, apenas podemos fazer diferente Amando como Cristo nos amou.
  • João Lopes
    08 mai, 2018 Viseu 17:40
    A eutanásia e o suicídio assistido continua a ser homicídio mesmo que a vítima o peça, tal como a escravatura é sempre um crime, mesmo que uma pessoa quisesse ser escrava! Com a legalização da eutanásia e do suicídio assistido, o Estado declararia que a vida de pessoas doentes e em sofrimento não lhe interessa, e não as protege...

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