16 mai, 2018 - 07:10 • Ângela Roque , Filipe d'Avillez
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As principais religiões com presença em Portugal estão unidas na rejeição total da eutanásia e da sua legalização. Numa cerimónia que se realiza esta tarde, em Lisboa, os representantes de várias confissões religiosas vão assinar uma declaração conjunta.
Na declaração, de cerca de três páginas, as religiões defendem a “dignidade intrínseca dos mais frágeis”, esclarecendo que ela não pode ser afetada pelo sofrimento ou a fraqueza. “A vida não só não perde dignidade quando se aproxima do seu termo, como a particular vulnerabilidade de que se reveste nesta etapa é, antes, um título de especial dignidade que pede proximidade e cuidado”, sublinha o documento, acrescentando que “a dignidade da pessoa não depende senão do facto da sua existência como sujeito humano e a autonomia pessoal não pode ser esvaziada do seu significado social.”
O que é preciso na sociedade, defendem ainda, “não é que desistamos daqueles que vivem o período terminal da vida, oferecendo-lhes a possibilidade legal da opção pela morte, à qual pode conduzir a experiência do sofrimento sem cuidados adequados”, pois a experiência mostra que “quem se sente acompanhado não desespera perante a morte e não pede para morrer”.
Entre as comunidades religiosas que vão assinar o documento encontram-se a católica, a ortodoxa, a evangélica, a islâmica, a judaica, a budista, a hindu, entre outras. Onze delas já colaboram de forma permanente no âmbito do Grupo de Trabalho Inter-Religioso (GTIR), que foi criado em 2009, na sequência da nova lei das capelanias hospitalares, mas outras pediram, entretanto, para se juntar a esta iniciativa conjunta.
A declaração vai ser assinada no final da conferência inter-religiosa sobre eutanásia com a qual o GTIR quer “contribuir para a reflexão que decorre na sociedade portuguesa sobre uma matéria tão singular que envolve áreas tão diferentes como a Antropologia, a Ética, o Direito, a Medicina e a Religião, entre outras”, refere o comunicado que anuncia a iniciativa.
A conferência abrirá com o painel “Intervenção das Religiões no debate sobre eutanásia, um contributo necessário”, em que intervirão o padre José Nuno Silva, porta-voz do GTIR e ex-coordenador nacional das capelanias hospitalares, e o jurista Fernando Loja, presidente da Convenção Baptista Portuguesa, que integra a Aliança Evangélica, e é vice-presidente da Comissão da Liberdade Religiosa.
Depois da conferência “Uma reflexão sobre a eutanásia e o suicídio assistido”, pelo médico, professor universitário e especialista em bioética, Walter Osswald, está previsto um segundo painel sobre “A vida e a morte no pensamento de diferentes tradições religiosas”, a cargo do GTIR.
No final, pelas 18h00, será apresentada e a assinada a Declaração conjunta que os organizadores tencionam fazer chegar ao Presidente da República e ao Presidente da Assembleia da República.
A conferência inter-religiosa sobre eutanásia terá início às 15h30, na Academia de Ciências de Lisboa, com entrada livre.